DÉCADA DE 1980

Os anos 1980 foram extraordinários para a luta. As greves explodem, a abertura política é exigida, nascem os grandes movimentos populares como o Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o Movimento das Mulheres Camponesas (MMC), é criada Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Partido dos Trabalhadores (PT). Acontecem grandes transformações na sociedade nesse período.

Os eletricitários passaram a construir um Sindicato cidadão. Em 1987 foi proposto em assembleia o fim do assistencialismo. A decisão foi montar uma comissão para estudar as regras de transição para o desmonte gradual da prática assistencialista. O país inteiro exigia mudanças, e o Sinergia estava nessa estrada. É quando assume a sigla SINERGIA, fruto de uma ampla alteração estatutária extremamente debatida em 7 assembleias com a categoria que possibilita inclusão de mais trabalhadores eletricitários. Os trabalhadores da Eletrosul, empresa que chegou em 1975 em Florianópolis, entram para o sindicato e aquele período de assistencialismo vai chegando ao seu fim.

Cria o jornal Linha Viva em março de 1988, que acompanharia toda a história da retomada das lutas, inclusive com a volta das negociações salariais na Celesc e a contratação da primeira subseção do DIEESE em SC, a dos eletricitários. No final dessa década, o sindicato efetuou importantes mudanças estatutárias, que marcaram sua trajetória.

Os eletricitários passaram a acompanhar os movimentos nacionais, como o Congresso Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat – Congresso da Classe trabalhadora), que deu origem à CUT, e outros encontros que articulavam as novas/velhas lutas. Também participou ativamente da campanha “Diretas Já!”, contra as privatizações, e depois pela nova Constituinte. É também quando nascem a Intersindical dos Eletricitários da Celesc (Intercel) e Intersindical dos Eletricitários do Sul do Brasil (Intersul), fortalecendo e unificando os eletricitários.

Nos anos de 1986 e 1987, os trabalhadores da Celesc protagonizam importantes movimentos de greve que dão visibilidade às lutas e garantem conquistas! É realizado um encontro de urbanitários com 11 entidades, visando articular uma greve nacional. Tudo respira luta. Em Santa Catarina, depois de uma assembleia, o sindicato inicia um processo gradual de desmonte de sua pratica assistencialista. Outros tempos florescem.

Na Eletrosul, os trabalhadores se mobilizam contra a privatização e ensaiam para as grandes greves que viriam em 1988, que trariam conquistas, mas também muita punição e até demissões. Foram tempos muito ricos em luta e resistência. Todo este processo culminou em uma histórica greve de fome que marcou profundamente a trajetória do Sinergia, dos 39 trabalhadores e trabalhadoras que aderiram a greve, dos seus familiares e de todos os demais trabalhadores da Eletrosul.

A força desta greve vem de seu caráter humanista que mobilizou toda uma categoria, para reverter a demissão de 15 trabalhadores da Eletrosul! Em tempos onde a luta se dava para repor questões financeiras, estes homens e mulheres partem para uma ação definitiva: ou “conseguiam tudo ou morriam de fome”! E após 38 dias, a greve acaba e os trabalhadores saem vitoriosos! A categoria amplia sua consciência de classe e o sindicato se fortalece!

O Sinergia, segue sua trajetória com uma grande participação dos eletricitários na greve geral de marco de 1989. Neste mesmo ano, após um longo debate com a categoria, se filia a CUT ampliando sua articulação em nível nacional. Assim, segue sua caminhada na perspectiva de tornar concreto o Sindicato cidadão e seguir se reinventando na luta por mundo justo, feliz e igualitário!