ANOS 1990
Nos anos de 1990 o Sinergia tem um momento muito especial em sua história, é quando o Sindicato passa a se compreender como um espaço cultural aberto à comunidade. Pautado pela questão social que florescia no país. Também foi um momento em que o Sinergia realizou vários Congressos com a categoria, sendo em um deles a aprovação do Sindicato Cidadão que promoveu grandes transformações para a categoria dos eletricitários.
Quando a década dos anos 1990 chega, o país já havia passado por muitas transformações e as lutas trabalhistas estavam no auge. No Sinergia, o acúmulo construído pelos trabalhadores ao longo dos anos 1980 permite perceber que a luta passa por muitas dimensões.
É quando surge a proposta de um sindicato cidadão, debatido em Congresso com toda a categoria, e nasce o trabalho sistemático com a cultura, que viria a ser uma marca fundamental do Sindicato. Também há uma aproximação com as demais lutas que se travam dentro da cidade. O sindicato saía de sua bolha laboral e entrava no terreno da poesia, da música, do teatro, da organização comunitária, caminhando com o trabalhador em todas as facetas da vida.
O Sinergia inaugura sua nova sede, abrindo-se para novos encontros. Novas greves movimentam o cenário, como a de 1990, envolvendo os trabalhadores da Eletrobrás que lutavam contra o processo de destruição da empresa. Houve punições, Polícia Federal no encalço e salários suspensos. Vários outros movimentos foram feitos reivindicando salários e cumprimentos de acordos.
A queda de braço com os governos se apertava. E, junto com a luta aberta no campo do trabalho, os eletricitários de Santa Catarina também disputavam outra concepção de sindicato, buscando levar para seus filiados e a sociedade a ideia de uma entidade que se espraia para além do mundo do trabalho, definindo novas práticas sindicais visceralmente ligadas com a vida cotidiana, incluindo as dimensões da arte, da festa e da luta comunitária.
Foi uma década de muita luta e resistência ao desmonte das empresas públicas e ao processo de privatização do setor elétrico. E a Celesc e a Eletrosul estavam bem no meio do furacão. É quando ocorre uma grande mobilização pedindo a moralização da Celesc. Inúmeras foram as lutas travadas por conta dessas propostas.
Foi no final desta década (1997/1998) que ocorreu a privatização de toda a geração de energia do sul do país. Os trabalhadores da Eletrosul juntamente com muitos outros movimentos fazem uma grande luta para manter a geração de energia pública. Antes a geração de energia estava na mão da Eletrosul e com a privatização passa para a mão da Gerasul (Suez). Mas estes trabalhadores continuaram sua luta contra a privatização do setor.
As assembleias de greve eram gigantescas, os trabalhadores reconheciam no sindicato um instrumento efetivo de lutas. Até demissões foram revertidas, tamanha a mobilização. Nas articulações nacionais, os eletricitários começam a apresentar propostas sobre o modelo nacional de energia, atuando em conjunto com o Movimento dos Atingidos por Barragem e outras entidades e movimentos sociais, como a Plataforma Operária e Camponesa da Água e Energia.
Junto com isso também se fortaleceram as ações culturais, a formação e a comunicação. Nasce o Concurso Literário de Contos e Poesia (PROJETO MEIA HORA, ). O Jornal Linha Viva incorpora a proposta de um trabalhador inteiro, não alienado no trabalho. O sindicato entra na campanha contra a fome idealizada por Betinho e a saúde do trabalhador passa a ser prioridade. Nesta década o Sinergia lança o livro sobre sua história com o título “Reinventando a cidadania”, coordenado por Joana Maria Pedro e Maria Bernadete Ramos Flores.
Foi a partir do Sinergia, em parceria com outras tantas entidades, que em 1997 nasceu o Movimento Unificado Contra as Privatizações (Mucap), que mobilizou trabalhadores e comunidades no Estado inteiro na defesa das empresas públicas nacionais e estaduais. Através do teatro e de outras manifestações culturais, o diálogo com a sociedade se abriu e a caravana do Mucap percorreu as cidades. Foi um momento de grandes batalhas e o Sinergia sempre presente buscando construir caminhos coletivamente e apontando caminhos!