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Greve da Eletrobras suspensa
Na última semana a energia pública e de qualidade sofre um duro golpe. No distrito Federal e no Rio Grande do Sul a privatização das distribuidoras de energia foram autorizadas. Na capital nacional, o Conselho de Administração da Companhia Energética de Brasília (CEB) aprovou a privatização da distribuidora do grupo. A decisão foi tomada pela maioria dos acionistas da estatal, em assembleia geral. A proposta analisada pelo conselho prevê a venda de 51% das ações da empresa, sendo que os outros 49% continuarão com o Governo do Distrito Federal.
No Rio Grande do Sul, a Assembleia Legislativa do Estado deu mais um passo no golpe contra o patrimônio público. Se antes os deputados já haviam manipulado a legislação e retirado do povo gaúcho o poder de decisão sobre a venda da estatal, nesta terça-feira, dia 2, os parlamentares aprovaram projeto encaminhado pelo Governador do Estado, Eduardo Leite (PSDB) para privatização da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), da Companhia Riograndense de Mineração (CRM) e da Sul Gás. Com ampla maioria na assembleia, a aprovação para privatização do patrimônio público segue a cartilha do Governo Federal para recuperação fiscal dos Estados.
Manobra conhecida no histórico de privatizações do Brasil, a política do Governo Federal de condicionar a renegociação das dívidas dos estados com a união à privatização das estatais é um plano contra o próprio Brasil. Atacando as empresas públicas e favorecendo o mercado, o governo investe na exploração dos trabalhadores e acaba com a soberania nacional, tornando o Brasil, gradativamente, colônia dos grandes capitalistas.
Com a privatização destas empresas, apenas restarão 3 distribuidoras de energia estatais no Brasil: Celesc, Copel e Cemig. Uma demonstração do contrassenso das políticas neoliberais que retornam com força: das 3 que restam, as estatais Catarinense e Paranaense estão no topo do ranking de melhor serviço prestado à população.
A noção de equilíbrio econômico, introduzida nos contratos de privatização (ou “de concessão”) com cmecanismo de proteção ao capital estrangeiro investido no setor elétrico, garante que os investimentos sejam sempre remunerados. E, assim, criou-se, no setor elétrico brasileiro, o “capitalismo sem risco”. A Eletrobras possui 14 hidrelétricas nesse regime de cotas, que negociam a produção a entre 60 e 70 reais por megawatt/hora. Essa energia poderia ser vendida no mercado a partir de 2018 por pelo menos 150 reais, o que significa uma geração de caixa de mais de 10 bilhões de reais por ano. E isso que atrai a cobiça.
Mas afinal, qual é o país que, estando entre os 10 maiores produtores de energia HIDROELÉTRICA, privatizou todas suas empresas e, consequentemente suas usinas? Na China, as hidrelétricas representam 15% das necessidades, sendo todas estatais. No Canadá, 71% das necessidades do país são supridas por hidrelétricas, das quais 90% são estatais. Nos Estados Unidos, apenas 7% da necessidade energética é suprida por estatais. Entretanto, destas, 73% são do Estado. Na Rússia, apenas 15% da necessidade é alcançada com hidrelétricas, mas todas estão sob controle público.
Até mesmo países que servem de exemplo para o discurso liberal têm uma relação responsável com a geração de energia. Na Noruega, a hidroeletricidade cobre 98% da demanda de energia do país. Tudo é estatal. Já no Japão, apenas 7% da energia vem das hidrelétricas e tudo é privado.
Assim, se o Brasil privatizar a Eletrobrás, dependendo das usinas hidroelétricas em até 70%, mesmo produzindo 7 vezes mais energia hidroelétrica do que o Japão, vai se espelhar nele. As hidrelétricas da Eletrobras vendem a tarifa mais baixa do Brasil. É a energia de menor custo de produção do país. Se privatizar, os contratos de comercialização de energia serão revistos.
Vão aumentar quatro vezes mais. O que está em disputa, no fundo, é quem se apropria destas extraordinárias unidades de produção, que são as melhores do Brasil. A Eletrobras engloba o maior volume de negócios em eletricidade do país. Somente na geração o grupo é composto por 48 hidrelétricas, 112 termelétricas, 2 termonucleares, 70 usinas eólicas e uma usina solar, próprias ou em parcerias. A empresa também é atuante na transmissão, com mais de 65 mil km de linhas.