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Afinal, o que a EDP quer da Celesc?
Desde que a EDP Brasil aportou na Celesc, comprando as ações da Previ, os trabalhadores identificaram na empresa uma ameaça à continuidade da Celesc Pública. Ativa no setor de energia, a EDP veio com expertise e dinheiro para defender seus interesses no Conselho de Administração da Celesc. Passado um ano de seu ingresso no colegiado, o cenário da própria Celesc mudou.
A eleição de um novo grupo político no Governo do Estado e a indicação de novos diretores e acionistas majoritários mudou a lógica de trabalho, restringindo o diálogo e excluindo os celesquianos e seus representantes dos sindicatos da Intercel do debate acerca da gestão da empresa.
A medida trouxe uma série de atitudes atrapalhadas, como a inércia no caso das faturas de energia e a reestruturação administrativa da Celesc, que colocará em risco o atendimento à sociedade.
Se, por um lado, o acionista majoritário fecha as portas ao debate franco com trabalhadores e sociedade, surpreendentemente, o maior acionista privado da Celesc se dispôs a conversar com os sindicatos da Intercel, apresentando sua visão para o futuro da empresa e ouvindo as posições pétreas da categoria. Através do Representante dos Empregados no Conselho de Administração, Leandro Nunes, os dirigentes sindicais estiveram reunidos com Michel Itkes, representante da EDP no Conselho da Celesc e Vice-presidente de Distribuição do grupo no Brasil. Apesar de incomum, é importante ressaltar que o debate com os minoritários é importante. Para fazer a defesa da Celesc Pública e dos direitos da categoria os sindicatos da Intercel estão abertos ao diálogo com todos os agentes que atuam na empresa.
Em um momento onde existe dificuldade de diálogo com a empresa e com o Governo, os sindicatos buscarão todos os caminhos para consolidar o lema dos celesquianos: Celesc Pública, bom para todo mundo!
Com uma breve apresentação da empresa, Michel deixou claro que a oportunidade de comprar ações da Celesc foi avaliada pela EDP pelo potencial da Celesc e do próprio estado de Santa Catarina. O conselheiro foi franco em dizer que a aquisição das ações feita até agora já rendeu ganhos para a EDP e que já manifestou ao Governo do Estado o interesse em comprar a Celesc em um possível processo de privatização. Entretanto, Michel afirmou que este não é o foco da EDP, mas sim contribuir com a gestão da Celesc para continuar lucrando. Os dirigentes sindicais manifestaram ao conselheiro os pontos intransponíveis da categoria: a manutenção da Celesc Pública e o respeito aos direitos dos trabalhadores. Mais do que reafirmar posturas antagônicas, a reunião serviu para apresentar a representação sindical como uma entidade propositiva, que busca retomar o espaço de debate da gestão da empresa, fechado pela nova administração. Neste sentido, os sindicatos reafirmaram que decisões de grande impacto para a sociedade – e para os próprios acionistas – não devem ser tomadas pela administração sem o debate amplo. Os sindicalistas fizeram um alerta sobre a reestruturação e a postura centralizadora do presidente, que pode trazer prejuízos para todos: trabalhadores, acionistas e , principalmente, a sociedade.
Além disso, a fala do conselheiro da EDP evidencia o potencial da Celesc, enquanto empresa pública, em impulsionar o desenvolvimento do Estado e, ainda, render lucros aos seus acionistas. Por isso, qualquer projeto que prejudique o atendimento à sociedade, ameace a imagem da empresa e abra as portas para a privatização é um projeto contra o próprio Estado de Santa Catarina