É fato que assim que o ex-governador Carlos Moisés assumiu o comando do estado e indicou o então vizinho Cleicio para assumir a presidência da Celesc, a área de Comunicação da empresa foi completamente desmontada. Uma nova estrutura foi composta, sem uma participação efetiva da equipe que, até então, fazia um excelente trabalho de comunicação interna e externa.
Logo em seguida, no momento em que a Celesc era a Geni da vez, seja por conta de ataques por supostos erros no cálculo de faturas de energia (que, depois, se mostraram mentirosos) ou por conta da queda de energia em determinados bairros, gerentes se queixavam com os sindicatos da Intercel por não terem mais autonomia para repassarem informações e dados aos meios de comunicação, numa forma de tentar blindar a empresa das críticas e dar algum tipo de satisfação à sociedade sobre os problemas enfrentados.
A imagem da Celesc foi se desgastando lentamente, diante dessa nova forma de fazer comunicação. Ao longo dos anos, outros fatos foram surgindo: celesquianas e celesquianos passaram misteriosamente a surgir na mídia como privilegiados – só faltou aparecer nos jornais nomes de trabalhadores e folhas de pagamento detalhadas. O ápice aconteceu durante as negociações do Acordo Coletivo de Trabalho 2022/2023, quando jornalistas – mais uma vez, misteriosamente – tiveram acesso a diversos benefícios que a categoria tem, os supostos valores dispendidos com estes benefícios e até mesmo supostos custos da empresa com dirigentes liberados.
Os desgastes à imagem da empresa, todavia, não pararam aí. No fim do ano, o presidente Cleicio ainda foi manchete nos meios de comunicação por algo que já se comentava há algum tempo nos corredores da Administração Central: o presidente sumiu. Foi cogitado por muitos trabalhadores que ele estaria fazendo home office, algo que não foi permitido aos empregados da empresa durante sua gestão. Por fim, quando tudo parecia se encaminhar para um desfecho e que não haveria mais possibilidade de qualquer desgaste de imagem para a empresa, o presidente vira notícia pelo fato de, segundo um jornalista, Cleicio ter afirmado ao então governador que não ficaria no cargo e que sairia da empresa em dezembro de 2022 – sem especificar exatamente a data, o que gerou especulações de que poderia sair até mesmo antes do fim do governo Moisés.
Eis que, quando tudo parecia consumado, já em janeiro de 2023, com um novo governo eleito e um novo indicado para assumir interinamente a presidência da empresa, Cleicio e a Celesc novamente viram notícia por conta de uma nova polêmica: jornais indicam que Cleicio estaria buscando protelar a sucessão na estatal. Poucos dias depois, novamente a empresa vira notícia: o presidente do Conselho, também indicado por Carlos Moisés, estaria contestando a indicação do governador Jorginho Mello. Até mesmo na hora de ir embora Cleicio fez com que a Celesc virasse notícia por polêmica. O desafio do novo governo eleito e da nova direção da empresa será reerguer, reestruturar e valorizar a equipe de Comunicação e a imagem da empresa. A Celesc tem inúmeros motivos para figurar diariamente nos meios de comunicação com bons resultados à população, com investimentos, bons números operacionais e contábeis, com inúmeras melhorias que beneficiam a vida da população catarinense. Para isso, só é preciso que a nova direção reestruture a área de Comunicação, blinde a empresa dos ataques, não faça o papel mesquinho de arranhar a imagem da sua própria força de trabalho nos meios de comunicação e tenha quadros na direção que estejam dispostos a dar a cara a tapa e a defender a empresa sempre que alguma polêmica surgir.
Fonte: Jornal Linha Viva Nº 1564 de 12 de janeiro de 2023