“Trabalhador da Celesc não tem descanso. Nem mesmo depois de aposentado”, afirmou um dos eletricitários aposentados, de 77 anos, ao desembarcar do ônibus, após enfrentar horas e horas de viagem, ao chegar na Administração Central, em Florianópolis.
Assim como ele, outras três centenas de eletricitários aposentados e outras centenas de trabalhadores da ativa estiveram no portão da sede da empresa protestando contra as mudanças do Plano de Saúde, que podem afetar toda a categoria. O mais idoso tinha 91 anos.
Muitos deles, cansados da longa viagem e exaustos com as informações deque poderiam ser prejudicados com as mudanças no Plano de Saúde, sentaram próximos da sede da empresa enquanto os dirigentes sindicais discursavam. Em dado momento, resolveram subir levando suas cadeiras nas mãos. Mãos calejadas que construíram a Celesc ao longo de décadas.
Rapidamente a polícia foi chamada – possivelmente, pelo medo da violência dos idosos de 75, 80, 90 anos. A alegação era de que estariam impedindo a entrada de carros e trabalhadores ao prédio. Os policiais olharam em volta e o pátio da empresa estava lotado de carros e as salas com empregados.
“Nós não somos bandidos. Somos trabalhadores. Eles têm que nos respeitar, pois se estão aí hoje, é porque ontem nós doamos nosso sangue e suor por essa empresa. Um dia eles terão a nossa idade”, afirmou, assustada, outra aposentada com mais de 70 anos, ao ver o carro da polícia. “É assim que age a atual diretoria? Chama a polícia para intervir e assustar num ato com trezentos idosos?”, questionou ela. Junto à polícia, uma empregada comissionada tirava fotos de tudo e de todos. E bradava aos quatro cantos que não havia sido ela quem tinha chamado a polícia.
Diante da grande mobilização e da repercussão do ato na imprensa local, a diretoria chamou representantes dos sindicatos para dialogar. Ouviram os dirigentes sindicais e propuseram retomar as negociações na sexta-feira da semana seguinte(amanhã). Prometeram trazer uma nova proposta de Plano de Saúde e debater na próxima CRH sobre os descontos das horas dos trabalhadores que participaram das manifestações pelo Plano de Saúde. Para variar, o presidente Cleicio não participou da conversa.
A prudência manda não comemorar antes da hora. É preciso aguardar o que virá na retomada das negociações nesta sexta-feira. Todavia, o objetivo da categoria foi parcialmente atingido com as duas manifestações: as negociações estão sendo retomadas e trazem esperança à categoria. Que a diretoria tenha a sensibilidade de ouvir o grito dos trabalhadores.
Fonte: Jornal Linha Viva Nº 1542 de 28 de julho de 2022