Desde o início de 2022, o dirigente do Sinergia Tiago Bitencourt Vergara tem passado mais tempo em Brasília do que na base, junto à categoria, em Florianópolis. Tiago abdicou do convívio com a família para se dedicar quase exclusivamente a representar os sindicatos da Intersul no Coletivo Nacional dos Eletricitários Ele passou por praticamente todos os 513 gabinetes de deputadas e deputados na Câmara Federal buscando apoios, primeiramente contra a privatização e, desde o meio do ano passado, pela reestatização da Eletrobras. A atual legislatura (eleita em outubro de 2022) tomou posse em fevereiro deste ano. Em pouco mais de um mês, Tiago e demais companheiros designados pelos sindicatos de todo o país para atuarem em Brasília, conseguiram articular na Câmara e no Senado Federal a criação da Frente Parlamentar Mista pela Reestatização da Eletrobras. Na entrevista abaixo, ele comenta como foi o trabalho para construção da Frente e qual a importância desse espaço de debate na luta pela retomada da Eletrobras Pública. Confira:
LV: Como se deu o processo de articulação para criação da Frente Parlamentar Mista pela Reestatização da Eletrobras?
Tiago: Desde a campanha presidencial, o Coletivo Nacional dos Eletricitários está em constante diálogo com o governo, com o intuito de levar adiante a luta pela reestatização da Eletrobras. Fomos convidados a participar de um evento no Palácio do Planalto no dia 31 de janeiro, ocasião do lançamento do Conselho de Participação Social pelo presidente Lula e, naquele dia, manifestamos através de nossas bandeiras, a necessidade de reestatizar a Eletrobras. Estavam presentes todos os ministros do governo Lula e então fomos provocados pelo deputado federal Pedro Uczai a criarmos uma Frente Parlamentar Mista pela Reestatização da Eletrobras. Levamos a demanda para apreciação e deliberação do CNE e resolvemos implantar o plano. A partir daí, conversamos com alguns parlamentares e o deputado Alencar Santana ficou como proponente da Frente. Depois disso, a tarefa principal do CNE foi coletar as assinaturas necessárias para o lançamento da Frente. Nos dividimos no Congresso Nacional e dialogamos com praticamente todos os parlamentares, entre deputados e deputadas federais e senadores e senadoras. Enviamos e-mails para as pessoas parlamentares, fizemos ligações e, no dia 22/03, fizemos o lançamento da Frente na Câmara dos Deputados.
LV: Qual a importância de ter essa Frente criada neste momento?
Tiago: É necessário realizar o debate no Congresso Nacional e a Frente vai cumprir este papel. A MP1031 tramitou em regime de urgência, durante a pandemia, a partir da alteração do regimento da Casa. Naquele momento, não houve a possibilidade de realizarmos debate nem na Câmara dos Deputados, nem no Senado e nem com a sociedade. Desta forma, a Frente cumprirá este papel, onde apontaremos os problemas da privatização e realizaremos propostas de desdobramentos, afim de apurar as responsabilidades e encaminhar o processo de reversão deste crime que foi cometido contra o povo brasileiro.
LV: Quais os próximos passos, a partir da criação da Frente, no processo de reestatização da Eletrobras?
Tiago: Com a Frente criada, vamos propor várias atividades, dentre elas, uma plenária nacional de mobilização das lideranças dos partidos, dos movimentos sociais, do movimento sindical, para que possamos ampliar o debate na socieade. A Frente também contará com coordenações regionais, por estados, também com o intuito de capilarizar o debate da reestatização da Eletrobras. A Frente também institucionaliza o processo de reestatização. Todas as articulações políticas deste processo inédito no Brasil, serão realizadas através da Frente Parlamentar Mista pela Reestatização da Eletrobras.
Fonte: Jornal Linha Viva Nº 1574 de 30 de março de 2023