Propostas dos trabalhadores e trabalhadoras para resistir e vencer
Diante da crise climática crescente e da importância da questão energética apresentamos nossa análise e os compromissos com o povo brasileiro e os povos do mundo para uma transição energética justa, soberana e popular. Somos trabalhadores e trabalhadoras, da classe que trabalha e produz a riqueza da humanidade. Somos a Plataforma Operária e Camponesa da Água e Energia.
CONSIDERAMOS QUE ENTRAMOS NUMA NOVA ÉPOCA DA HISTÓRIA.
Consideramos que para desvendar as reais causas da crise climática é preciso analisar o local reservado da produção, que hoje é baseada num sistema de exploração do trabalho, de produção de mercadorias, que visam a acumulação das riquezas na mão de poucos com lucro privado e não para satisfação das necessidades das maiorias. Este modo de produção exclui, marginaliza e oprime a maioria da população.
Consideramos que é o capital financeiro quem domina e dirige o sistema mundo capitalista.
Consideramos que há uma crise mundial, econômica, política, geopolítica, ambiental e cultural. Crise múltipla que aponta os limites e a brutalidade do modo de produção capitalista e sua incapacidade de oferecer à humanidade senão a piora das condições de vida do planeta. E a crise de 2008 sinalizou o ingresso em um novo período histórico.
Consideramos que o neoliberalismo redefiniu progressivamente os padrões de inserção da economia brasileira e de muitos países periféricos na divisão internacional do trabalho, desfavorecendo ainda mais os países e as populações mais pobres.
Consideramos que a política energética tem papel relevante neste momento histórico e que a questão energética é parte importante da geopolítica e da disputa pelo poder e dominação em escala mundial.
Consideramos que em nossos territórios existem bases naturais de elevada potencialidade energética.
Consideramos que parcela importante da energia foi transferida para o controle privado dos bancos e fundos financeiros.
Consideramos que a privatização da energia contraria frontalmente os interesses populares e o cuidado ao meio ambiente.
Consideramos que os preços da energia elétrica, do gás de cozinha e combustíveis foram transformados em instrumento de rapinagem da riqueza nacional dos países periféricos e dos povos ou da classe trabalhadora em geral, principalmente com a entrega recente da Eletrobras, da BR Distribuidora, da Liquigas e de parte das refinarias da Petrobrás.
Consideramos os trabalhadores e trabalhadoras do setor energético, os atingidos pelos projetos e os pequenos consumidores de energia como vítimas deste sistema em geral e da privatização.
Consideramos que o crescimento mundial das forças fascistas é produto do capitalismo em crise, instrumento para sua preservação e uso da extrema violência contra a classe que trabalha.
Na esperança de uma vida melhor aos povos e ao planeta, surgem forças emergentes buscando construir um mundo diferente, talvez mais justo, democrático, civilizado e belo, entre as quais se destaca como potência a China.
NÃO HÁ SOLUÇÃO DE MERCADO PARA A CRISE CLIMÁTICA.
O debate internacional e nacional atual, sobre a crise climática, é dominado pela preocupação em reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) para conter o aquecimento global.
Porém, no capitalismo a crise climática é crescente. Os grandes problemas ambientais da nossa época são causa e consequência das relações de produção e circulação das mercadorias da sociedade burguesa, que tem como característica o rentismo, a produção destrutiva e as guerras.
O fracasso das Conferências oficiais hegemonizados pela classe burguesa sobre mudanças climáticas é evidente, e se limitam a buscar caminhos para transformar o meio ambiente em mais uma fronteira de acumulação e lucro, fundada no consumismo, no desperdício, na obsolescência programada das mercadorias, nas guerras e num crescimento incessante da apropriação, uso e destruição da base material da própria vida.
As chamadas “soluções de mercado”, tem como objetivo último alargar os negócios burgueses e arrastar a classe trabalhadora mundial para falsas ideias de resolução da crise.
Embora, fontes renováveis possam oferecer algumas vantagens, é sabido que não existe fonte de energia totalmente limpa e renovável.
NOSSAS PROPOSTAS PARA TRANSIÇÂO ENERGÉTICA JUSTA. SOBERANA E POPULAR
Uma transição energética justa, soberana e popular deve contemplar os interesses da imensa maioria da humanidade, ou seja, da classe que trabalha e produz a riqueza, e o caminho para a vitória é o fortalecimento do trabalho de organização e luta das massas trabalhadoras em escala nacional e internacional.
A agenda da Transição Energética ainda está em disputa e resultará dos confrontos, trajetórias e motivações dos diferentes interesses envolvidos na luta entre as classes. E a tomada do poder do Estado pelos trabalhadores e trabalhadoras é fundamental nesta luta.
A nível global, uma transição energética justa, soberana e popular, somente será alcançada com uma redefinição da divisão internacional e sexual do trabalho e o fim da dominação das grandes corporações e do capital financeiro internacional, o que exigirá a superação do modo de produção capitalista.
Em escala nacional, uma transição energética justa, soberana e popular, deve ser adaptada as características de nossa realidade e será o resultado de uma redefinição radical dos termos de inserção de nossa economia periférica e dependente na divisão internacional do trabalho. Será condição e resultado da afirmação da soberania nacional e popular, expressa em soberania energética, soberania alimentar, soberania cultural e econômica em sentido amplo.
Trata-se de lutar e construir socialmente o entendimento de que ENERGIA NÃO DEVE SER MERCADORIA, MAS UM BEM COMUM DO POVO. Uma política energética guiada pela ótica da “soberania, distribuição da riqueza e controle popular”.
Plataforma Operária e Camponesa da Água e Energia

