Celesc: Acordo aprovado

Em assembleias realizadas pelos sindicatos da Intercel, os trabalhadores da Celesc aprovaram, nos portões da empresa, o Acordo Coletivo de Trabalho 2019/20. A aprovação do Acordo fechou um processo que escancarou a fúria da nova Diretoria da Celesc contra os direitos dos trabalhadores. Com uma visão privatista e elitista, a Diretoria passou todas as rodadas atacando a categoria e suas representações buscando impor na Celesc uma cultura individualista. Com uma pauta de reivindicações enxuta e bastante responsável, os trabalhadores buscavam melhores condições de vida e de trabalho, que refletissem o bom serviço prestado à sociedade, reconhecido pela própria população catarinense com prêmios nacionais e internacionais. Infelizmente, se os trabalhadores esperavam valorização, a única coisa que receberam da Diretoria neste Acordo Coletivo foi desrespeito, ameaça e desdém. Conduzida pela Diretora de Gestão, Claudine Anchite, a negociação coletiva se transformou em um palanque de mentiras e em uma campo de batalha, onde a administração da empresa avançava para retalhar as conquistas dos trabalhadores e utilizava a comunicação interna como arma, tanto de desinformação quanto de intimidação. A cada nova rodada, a Diretoria mentia aos trabalhadores. Comunicados distorcidos, com meias-verdades tentavam induzir os trabalhadores a acreditarem que todos os problemas do mundo eram decorrentes de seus direitos. Que as conquistas de mais de 60 anos de negociações e mobilizações não eram merecidas. A Diretoria chegou ao cúmulo de “orientar” os trabalhadores a compararem suas condições de trabalho com de outras pessoas, para que estes percebessem o quão privilegiados são por trabalharem em uma empresa benevolente. Obviamente, o tiro sai pela culatra: esta postura apenas aumentou a indignação dos celesquianos com uma Diretoria que não compreende a empresa pública, seu papel e a importância dos trabalhadores. Apesar de tentar convencer os trabalhadores de que direitos caem do céu, os celesquianos sabem que tudo aquilo que está no Acordo Coletivo é conquista, veio da luta. Nada nunca foi dado aos trabalhadores. Tudo aquilo que está no ACT veio da mobilização unificada entre a categoria e os sindicatos da Intercel. Foram dias de paralisação, greves, negociações e resistência que construíram o histórico dos direitos dos eletricitários catarinenses. Por isso tratar o ACT como uma benevolência da empresa é desrespeitar todos aqueles que lutaram e os que ainda lutam para que os celesquianos sejam respeitados. Em uma visão deturpada das relações capital x trabalho, a Diretoria da Celesc tentou impor um “Acordo Base Zero”. Como se a negociação iniciasse sem considerar a história, como se a Celesc tivesse sido criada quando essa diretoria assumiu. Desde o início, não houve, realmente, uma negociação. A pauta de reivindicações, maior documento da coletividade não teve avanços. Nenhuma cláusula avançou. O que se viu, neste acordo, foi a resistência da categoria.

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