Conselheiros são contra privatização da Eletrobras

Após o Presidente Jair Bolsonaro autorizar na semana passada o aprofundamento dos estudos sobre o modelo de desestatização da Eletrobras, oito integrantes dos Conselhos de Administração de diversas empresas da Holding encaminharam correspondência ao Presidente da República, apontando os riscos da privatização. A carta foi assinada pelos Representantes dos Trabalhadores nos Conselhos, dentre eles, Deunézio Cornelian Júnior, conselheiro da Eletrosul eleito pelos empregados. O documento aponta riscos de desabastecimento, alta de preços e até catástrofes relacionadas ao rompimento de barragens de usinas – neste caso tomando por base as tragédias de Mariana e Brumadinho “causadas pela negligência” da gestão privada no ramo de mineração. Para os representantes dos trabalhadores, os ativos do grupo Eletrobras, especialmente nos segmentos de geração e transmissão de energia são “sensíveis” na perspectiva da soberania energética, da segurança nacional e do controle dos mercados. É por esta razão, citam os conselheiros, que em países como os Estados Unidos, instalações como as da Eletrobras são controladas pelo Corpo de Engenheiros do Exército. Do ponto de vista econômico, os conselheiros também chamam a atenção para o valor de R$ 12 bilhões que o governo inicialmente anunciou esperar com a possível privatização. Este valor é bem inferior aos investimentos do governo ao longo de mais de 60 anos que ultrapassam a casa dos R$ 400 bilhões. Na verdade a arrecadação prevista com a possível privatização mal cobre os dividendos recolhidos pela União com base nos lucros das empresas nos últimos 15 anos. Além disso, apontam os conselheiros, as empresas vem se recuperando das perdas de receita causadas pela Medida Provisória 579 que em 2012 antecipou a renovação das concessões. Além da carta ao Presidente da República, os conselheiros enviaram ofício ao Ministro de Minas e Energia, solicitando oportunidade de participar das discussões sobre eventual desestatização da Eletrobras.

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