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Trabalhadores, diretoria e classe política participam do 12° Congresso dos Empregados da Celesc

Quase 200 celesquianas e celesquianos participaram entre os dias 29 a 31 de maio do 12° Congresso dos Empregados da Celesc, em Blumenau. A mesa de abertura do evento teve a participação do diretor Comercial, Vitor Guimarães – representando o governador Jorginho Mello (PL) -, do deputado estadual Dr. Vicente Caropreso (PSDB), do assessor parlamentar Marcel Salomon – representando o deputado Fabiano da Luz (PT) -, do presidente da Celos, Ivecio Pedro Felisbino Filho, do vereador de Blumenau, Flávio Linhares (PL), além do coordenador da Intercel, Ailton Communello, e do Representante dos Empregados no Conselho de Administração da Celesc, Paulo Horn.

 Paulo destacou em sua fala que os trabalhadores sempre foram protagonistas na defesa da Celesc pública “guiados pela vontade de melhorar cada vez mais a maior estatal catarinense”. E lembrou dos ataques cada vez mais frequentes aos trabalhadores e às empresas públicas, reforçando a necessidade de postura firme dos parlamentares em defesa da empresa: “a Celesc é hoje uma das poucas distribuidoras públicas do setor, aliando bons serviços prestados à sociedade com energia a um preço justo. Mesmo num setor majoritariamente privatizado, a concessionária mostra que o serviço público é melhor. Nesse contexto, o governo do estado tem por dever manter e preservar a empresa de energia como propulsora do desenvolvimento, garantindo à população a sustentabilidade necessária para o desenvolvimento socioeconômico catarinense”. Paulo lembrou que é preciso pensar a Celesc num modelo público de gestão com a participação de seus trabalhadores.

 Ailton Communello, pela Intercel, destacou que a empresa pública é importante para os trabalhadores, mas muito mais importante para Santa Catarina: “Conseguimos fornecer qualidade de energia, somos referência no Brasil através do serviço de cada um, não só por quem faz a gestão da empresa, mas por todos os que trabalham e já trabalharam nela”.

 O presidente da Celos, Ivecio Felisbino, afirmou que a visão dos trabalhadores é necessária e deve somar nos debates da gestão da Celesc pública.

 Representando o Legislativo blumenauense, o vereador Flávio Linhares disse que a Câmara Municipal “reconhece a importância da Celesc como instrumento de desenvolvimento e soberania energética e reafirma o apoio à manutenção de sua natureza pública e ao fortalecimento de sua gestão com responsabilidade, transparência e foco no interesse coletivo”. 

Marcel Salomon justificou a ausência do deputado Fabiano da Luz, que estava em agenda com o presidente Lula da Silva (PT), e lembrou  que o mandato sempre acompanhou a trajetória da categoria eletricitária e que “a Celesc precisa ser mantida pública porque atende regiões do estado que, se fosse uma empresa privada, provavelmente não atenderia aquela localidade” e que essa é a função da empresa pública.

 O deputado Caropreso relembrou tragédias climáticas em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul e a agilidade dos celesquianos em restabelecer o fornecimento de energia: “Eu, nem que seja o último, vou defender a Celesc pública e sem exigir nada. Essa empresa me dá um prazer enorme de ser catarinense e vou defendê-la com unhas e dentes. Vocês têm muito o que se orgulhar. São poucos os catarinenses que reclamam da Celesc, pelo trabalho bem qualificado e bem treinado e esse é o maior patrimônio. Eu vim aqui porque eu acredito e podem contar comigo, nem que eu seja o último a estar com vocês”.

 Na sequência, a economista Clarice Ferraz, do Instituto Ilumina, fez a palestra de abertura. Ela lembrou que na era de ouro do Brasil havia a necessidade de ter indústrias de energia elétrica para o desenvolvimento do país: “A Celesc é o coração do desenvolvimento industrial de Santa Catarina. O setor elétrico precisa ser protegido, valorizado e estimulado para aguentar o aumento da demanda, bancar a eletrificação de novos usos e permitir a descarbonização e é preciso estar pronto para isso”. Ela também lembrou de desastres climáticos, da imprevisibilidade do setor e da necessidade de modernização da rede: “Tudo isso é muito caro, estamos falando de adaptação da infraestrutura com inovação. Quem banca a inovação e a infraestrutura? Não há nada de ideológico na opção por uma empresa pública. A defesa do caráter público da empresa de eletricidade é coerente com a necessidade de investimento de que ela necessita. Quem paga investimento em infraestrutura, que leva 30 anos para ser amortizado? Quando temos uma empresa pública, ela tem função pública, então além do equilíbrio econômico financeiro, ela serve à sociedade”.

 Na sexta-feira, dia 30, na agenda do evento, havia um tempo destinado para o presidente da Celesc ou seu representante trazerem a opinião da Alta Administração sobre o planejamento para o futuro da empresa pública. Tarcísio Rosa não apareceu e não enviou representante, demonstrando o descaso com a categoria eletricitária. No lugar desse debate, o ex-Conselheiro Leandro Nunes apresentou um resgate histórico dos Congressos, da luta dos sindicatos e de outras instituições criadas ao longo dos anos, como a Celos.

Também na sexta-feira, o representante dos empregados no Conselho de Administração da Casan, Haneron Victor Marcos, e o dirigente do Sindieletro/MG, Emerson Andrade Leite, traçaram um paralelo das lutas de suas categorias nas empresas públicas em que atuam.

 Na parte da tarde de sexta-feira, os participantes se dividiram em grupos de trabalho, onde fizeram o debate da gestão da Celesc pública, da atuação do Representante dos Empregados no Conselho de Administração e dos sindicatos que compõem a Intercel. Cada grupo de trabalho fez apontamentos sobre os rumos da gestão da empresa. No sábado, 31, pela manhã, todos os apontamentos foram levados para debate numa grande plenária. Ali foram validados pelos participantes todas as orientações para a gestão da empresa, o Conselheiro e os sindicatos. Questões como o apoio dos sindicatos para representantes dos trabalhadores na Celos, Conselho de Administração e Diretoria Comercial também foram discutidas – mantendo a orientação dos Congressos anteriores dos sindicatos apoiarem política e financeiramente nomes para a Celos e o Conselho, mas não dando apoio político e financeiro para candidaturas à Diretoria Comercial.

 O encerramento do Congresso teve a presença do governador Jorginho Mello, do prefeito de Blumenau, Egídio Ferrari (PL), e a vice-prefeita, Maria Regina Soar (PSDB), do secretário da Casa Civil, Kennedy Nunes, da secretária-adjunta da Educação, Patrícia Lueders, além dos diretores empregados da Celesc: Pilar Sabino da Silva (DRG), Cláudio Varella do Nascimento (DDI), Pedro Augusto Schmidt de Carvalho Junior (DRJ) e Elói Hoffelder (DGT).

 Em sua manifestação, o governador afirmou que os investimentos que a Celesc faz em redes trifásicas reverteram a possibilidade de saída de grandes indústrias do estado e citou investimentos em outros setores, como saúde e rodovias. O governador lembrou do desgaste pelo qual a empresa passa em função da mudança do sistema comercial: “a Celesc está investindo R$ 4,5 bi, apesar daquele apagão que deu um monte de problemas. A diretoria diz que está resolvendo, mas o desgaste sempre vem para mim. Instalaram sem ter backup, né?” Ao final, disse que a Celesc é uma empresa que lhe dá orgulho: “não desejo privatizar nem Celesc e nem Casan, mas elas precisam entregar mais para quem paga a conta. E a Celesc tem cumprido com sua obrigação. A empresa portuguesa, que é sócia, de vez em quando quer comprar mais um pedaço e eu sempre desconversou, pois quero prestigiar a empresa e tenho demonstrado isso”.

 Os encaminhamentos do Congresso dos Empregados serão levados pelo Conselheiro Paulo Horn ao Conselho de Administração da Celesc.

12° CONGRESSO DOS EMPREGADOS DA CELESC

O que motivou você a participar do 12° Congresso dos Empregados da Celesc? 

 Viajamos 15h de ônibus de São Miguel do Oeste até aqui, é uma viagem divertida. É bom fazer essas viagens para defender a nossa empresa como pública, para servir a nossa sociedade e ajudar o nosso estado a crescer. Estamos aqui para isso!

-Jaison Dias Berghahn – trabalhador da Celesc na Agência Regional São Miguel do Oeste

Destaco a importância do Congresso como enfrentamento adequado à precarização de serviços e as pressões de privatização, fortalecendo a representação sindical e a mobilização através da unificação de pautas. Além disso, como instrumento de defesa do serviço público e dos direitos dos trabalhadores.

Consuelo Maria Teixeira Mickosz – trabalhadora da Celesc na Administração Central

A motivação para estar aqui nesse evento, além do conhecimento que precisamos sempre ter mais, é ajudar a construir a Celesc, para que ela fique cada vez mais forte, mais sólida e sempre pública, que é o nosso maior objetivo enquanto trabalhador.

 Dionito Luis Lemos Tonini – trabalhador da Celesc na Agência Regional Blumenau

É a primeira vez que participo do Congresso. O que me trouxe foi a interação com os colegas celesquianos de todo o estado, para me manter informada de tudo o que está acontecendo e em busca da manutenção da Celesc pública! 

Carla Denise de Melo – trabalhadora da Celesc na Agência Regional Itajaí

 Qual sua avaliação do 12° Congresso dos Empregados da Celesc? 

 Foram dias muito bons, de muitos debates, onde conseguimos falar sobre o planejamento da empresa pública, fazer uma avaliação com os trabalhadores e agora temos que dar sequência a isso. Temos uma pauta de atuação construída coletivamente pelos delegados e temos um material muito vasto que traz a visão dos trabalhadores e que será encaminhada para a administração, para que ela considere a visão da categoria num planejamento de uma Celesc verdadeiramente pública. 

Paulo Guilherme Horn – Representante dos Empregados no Conselho de Administração da Celesc

Foi um evento muito exitoso, onde 3% da categoria saiu como delegado de suas Regionais e da Central para vir aqui dar os encaminhamentos necessários para a atuação do Conselheiro no Conselho de Administração da Celesc. Saímos muito mais fortalecidos, mais unidos em defesa da Celesc pública e de uma categoria que tenha condições de trabalhar e manter essa empresa oferecendo os melhores serviços possíveis para a sociedade. Parabenizo a todos os trabalhadores que aqui vieram! Seguimos unidos na luta em defesa da Celesc pública!

 Ailton Communello – Coordenador da Intercel 

 Qual a importância do Congresso para os empregados da Celesc?

 Começamos a pensar no Congresso dos Empregados em 1996 ou 1997, quando começaram as privatizações do setor elétrico. Eu era presidente da Associação dos Profissionais e o Luiz César Vieira era Representante no Conselho e promovemos o primeiro Congresso dos Empregados para discutir um projeto de empresa pública. Aquilo era para tentar segurar a Celesc como empresa pública. A partir daí, surgem uma série de eventos, acontecimentos, eleições para o Conselho, discussões que fazem com que isto venha até hoje. Ninguém é dono da ideia. É um conjunto, a Intercel estava junto e está até hoje. Fico feliz de participar de todas as edições e é um orgulho pensar que a Celesc tenha esse espaço para discutir o planejamento da empresa pública. É importantíssimo para que a Celesc continue pública essa participação, essa educação do congressista que ouve, que participa e executa outras histórias. E no meio do caminho dos Congressos ainda veio a ideia dos Seminários Regionais, que completam essa estrutura de conhecimento. 

Paulo Sá Brito – Ex-Representante dos Empregados no CA da Celesc e idealizador dos Congressos

 Qual sua mensagem para a categoria eletricitária de Santa Catarina?

 Esse evento é um sucesso! É uma alegria encontrar um grupo de trabalhadores reunidos com esse propósito, com espírito de corpo, que desejam preservar a empresa, que entendem a função da empresa e como ela é importante para a sociedade, que querem entregar um serviço de qualidade, que estão preocupados com a tarifa e preocupados também com o trabalhador. E, essencialmente, também são uma preocupação para a sociedade toda. Poder participar de um evento como esse me alegra, me inspira e eu espero que todos saiam muito fortalecidos. Espero que o evento tenha sido ótimo, que tenha sido um espaço de debate e de fortalecimento de toda a categoria eletricitária. Que vocês sirvam de exemplo para o Brasil inteiro! 

Clarice Ferraz – Diretora do Instituto Ilumina, economista, Professora da Escola de Química da UFRJ, com Doutorado em Ciências Econômicas e Sociais pela Universidade de Genebra. Conferencista da palestra de abertura do 12° Congresso dos Empregados da Celesc 

*Fotos: Pedro Waldrich e Leonardo Contin