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Casos de assédio e importunação sexual repercutem em todo o Brasil

A capa da edição 1572 do Linha Viva (Assédio Sexual) movimentou a categoria na semana passada. Durante a entrega do jornal, muitas trabalhadoras (e até trabalhadores) questionaram os Sindicatos se determinadas posturas, falas e gestos poderiam ser configurados como assédio ou importunação sexual. Prova de que o assunto precisa ser discutido de forma mais aberta e frequente no ambiente de trabalho. E não só no ambiente de trabalho. O tema tem gerado debates em toda a sociedade. Casos recentes de assédio e importunação sexual ganharam a mídia nos últimos dias: em reality shows, em processos e demissões de artistas e esportistas famosos. O tema foi dos mais comentados do País na última semana no Twitter.


É importante frisar que, quando os Sindicatos indicam a necessidade do debate, com base em reiterados pedidos da categoria, os Sindicatos não se colocam como terceiros que apontam o dedo, de fora. O meio sindical está inserido na sociedade e, como tal, também é um meio machista, mas que não pode fechar os olhos para situações de assédio. No momento em que demonstra boa vontade de levantar o debate no ambiente de trabalho, deveria ser atendido e não silenciado.


Em tempo: no dia 10 de março, dirigentes e representantes sindicais participaram de uma boa iniciativa, organizada pela presidente da nova gestão da CIPA AC, que também abordou esse tema. Durante mais de uma hora, foi realizada uma conversa sobre assédio sexual no Café das Cipeiras. Apesar da ampla participação de empregados, observou-se a ausência de Diretores e gestores de áreas que deveriam estar mais atentas ao assunto, uma vez que a legislação obriga as CIPAs a incluírem em seu escopo a prevenção e combate ao assédio e outras formas de violência no ambiente de trabalho.

Fonte: Jornal Linha Viva Nº 1573 de 23 de março de 2023

Empresas proíbem sindicato de abrir canal de debate sobre assédio sexual

Nos últimos meses, o Sinergia foi procurado por trabalhadoras da base solicitando que fosse feita uma campanha contra o assédio sexual no ambiente de trabalho. Aproveitando o Dia da Mulher que se aproximava, o Sindicato estruturou uma campanha (conforme anunciado na edição 1570 do Linha Viva) para que as mulheres colocassem em uma urna, de forma anônima, frases ou situações que já passaram ou presenciaram no ambiente de trabalho que as tenham constrangido ou remetido a qualquer característica de assédio sexual. Na sequência, a campanha teria uma live com mulheres profissionais das áreas de Direito, Serviço Social, Ciências Sociais, Economia e Psicologia e, ainda, uma Roda de Conversa presencial, oferecendo um lugar acolhedor e seguro para a discussão dessa temática tão sensível para as mulheres.


De acordo com Cecy Marimon Gonçalves, diretora do Sinergia, o maior objetivo da campanha não é coletar denúncias: “a intenção é abrir o debate, informar, ouvir trabalhadoras e, se necessário, orientá-las sobre as formas de denunciar nos canais específicos para isso. Diferentemente dos canais de denúncias institucionais, que servem para receber denúncias, essa campanha tem o objetivo de escutar e informar para prevenir”. Ao solicitar um espaço para que as urnas fossem colocadas nas sedes das empresas juntamente com o banner da campanha, veio a surpresa. Tanto a CGT Eletrosul como a Celesc deram respostas muito semelhantes: que a autorização não seria dada por já existir um canal de denúncias em cada uma das empresas e cursos/capacitações sobre o tema.


Talvez este seja um bom momento para reflexão das Diretorias sobre o porquê de trabalhadoras procurarem o sindicato ao invés da empresa, se há canais e cursos eficientes sobre o tema, não é mesmo?


Thayene Ramos Bulzing, também diretora do Sinergia, afirma que “nossa proposta com as urnas não era abrir um canal de denúncias nominais, visto que o Sindicato não tem papel investigativo, nem deliberativo, dentro das empresas para tratar casos de assédio de forma administrativa. Essas são responsabilidades das Ouvidorias, Corregedorias, Comitês de Ética, Departamentos de Recursos Humanos, Compliance e agora, das CIPAs”.


A análise histórica mostra que o assédio sexual é um fantasma que assola a todas as mulheres trabalhadoras. Muitas vezes, toma formas disfarçadas, outras vezes as atitudes assediadoras são naturalizadas e compreendidas como brincadeiras ou simples comentários. Por isso, é importante saber as formas que o assédio pode tomar, para que ele possa ser identificado e as devidas providências possam ser tomadas. Esse é o propósito da campanha “Precisamos falar sobre isso”. O silêncio esconde o tamanho real do problema e impede que algo possa ser feito. Resta a pergunta: por quê nos calam?

Fonte: Jornal Linha Viva Nº 1572 de 16 de março de 2023

Acusados de assédio serão premiados

Embora seja um assunto amplamente comentado, muitas pessoas desconhecem ou têm uma compreensão parcial ou equivocada sobre o que é assédio moral. Retirar a todo momento a autonomia da trabalhadora ou do trabalhador, ou sempre contestar suas ações e decisões, sobrecarregá-lo(la) com novas tarefas ou retirar o trabalho que habitualmente competia a ele(a) executar, causando a sensação de inutilidade ou de incompetência, gritar ou falar de forma desrespeitosa, espalhar rumores ou divulgar boatos ofensivos a respeito da(o) empregada(o), atribuir apelidos pejorativos, postar mensagens depreciativas em grupos nas redes sociais, desconsiderar ou ironizar, injustificadamente, as opiniões da vítima, retirar cargos e funções sem motivo justo, ou advertir arbitrariamente são algumas das situações relatadas pelas trabalhadoras e pelos trabalhadores nos locais de trabalho.


Assediar moralmente e expor as pessoas a situações humilhantes e constrangedoras no ambiente de trabalho, de forma repetitiva e prolongada, no exercício de suas atividades, é uma forma de violência que desestabiliza emocional e profissionalmente o indivíduo e pode ocorrer por meio de ações diretas (acusações, insultos, gritos, humilhações públicas) e indiretas (propagação de boatos, isolamento, recusa na comunicação, fofocas e exclusão social). A humilhação repetitiva e de longa duração compromete a identidade, a dignidade e as relações afetivas, e sociais, podendo evoluir para a incapacidade de trabalhar, para o desemprego ou mesmo para a morte. Essas condutas são incompatíveis com diversas leis que tratam da dignidade da pessoa humana e do valor social do trabalho. Por isso, devem ser combatidas! Esse preâmbulo é para alertarmos sobre o que vem ocorrendo em alguns locais de trabalho na Celesc, já denunciados ao Comitê de Ética, porém, os alertas têm sido ignorados e alguns gerentes continuam a praticá-los, causando transtornos no ambiente de trabalho e prejudicando a saúde dos trabalhadores e das trabalhadoras. Os casos denunciados não tiveram o tratamento adequado o suficiente para inibirem novos casos?


O comportamento de um gerente de departamento de uma das Diretorias da empresa que tem como Diretor indicado pelo PRE empregado da casa merece atenção, pois o tratamento por ele dispensado aos seus subordinados é agressivo e humilhante, principalmente na presença de outros colegas de trabalho. Várias são as vítimas deste comportamento, que coloca pessoas em situação vexatória e humilhante. Vários episódios têm ocorrido nesse departamento, que resultaram na mudança de vários empregados e de gerentes para outras áreas. São gritos e xingamentos na frente de colegas, já de conhecimento do Diretor da área, que não tomou absolutamente nenhuma ação, fazendo com que empregadas e empregados fiquem abalados psicologicamente e, em alguns casos, tenham que fazer tratamento psicológico.


A denúncia ao Comitê de Ética já foi feita pelo Sinergia. Espera-se que o assunto seja encaminhado para apuração e que essa decisão vergonhosa e eleitoreira da incorporação da gratificação gerencial aos salários não seja aplicada tão imediatamente após diversas negativas nas negociações do ACT e PLR por dificuldades financeiras da empresa – que seja tratada no âmbito correto, que é o GT do PCS – e não um prêmio a quem assedia e adoece a classe trabalhadora.

Fonte: Jornal Linha Viva Nº 1551 de 06 de outubro de 2022