Estamos no meio de uma crise sanitária global sem precedentes. Se um funcionário tem medo de ir trabalhar, a coisa mais importante é abrir um diálogo e entender por que estas pessoas estão com medo.
Mas não é isso que a Eletrosul está fazendo.
Indo na contramão dos princípios de segurança e saúde do trabalhador, a Eletrosul tem pautado suas práticas, desde o início da pandemia, em terrorismo efetivado via comunicados que a todo momento buscam pressionar os trabalhadores para retornarem ao trabalho presencial. Utilizando-se do fato de prestar serviço essencial, a direção da empresa tenta recorrentemente colocar mais e mais empregados de volta em suas instalações. Boa parte desses realizam atividades administrativas, às quais podem ser exercidas neste momento de exceção, em suas casas.
Em comunicados que iniciam invariavelmente ressaltando a preocupação que a empresa teria tido com medidas de preservação da saúde, o que surge são claros atentados à saúde do trabalhador, tanto física quanto mental. Foi postulado pela empresa o retorno de maiores de 60 anos a Subestações e Usinas, o uso de banco de horas, férias compulsórias e licença sem remuneração e mais recentemente foi lançado um “Planejamento para Retorno às Instalações Físicas” em pleno pico da pandemia em Florianópolis. As ações da diretoria atentam contra a saúde de seus trabalhadores e destoam da prática que tem sido adotada pela maioria das empresas do sistema elétrico.
O Sinergia e os demais sindicatos que compõem a Intersul se posicionaram a todo momento contra esse tipo de arbitrariedade da Eletrosul e a favor da vida. Foram uma série de contatos através de correspondências, e-mails e ligações telefônicas e de pedidos de esclarecimentos não atendidos pela empresa. Em 20/04/2020 foi necessário inclusive que os sindicatos ingressassem com ação judicial.
Recusar o trabalho em situações de risco à segurança e à saúde é um direito fundamental dos trabalhadores previsto em uma série de leis e normas.
No caso brasileiro, nós temos a Constituição, em seu artigo 7º, XXII, que assegura aos trabalhadores exercerem suas atividades com redução dos riscos inerentes do trabalho. A CLT, no artigo 158, diz algo similar. A Lei de Benefícios da Previdência Social também é taxativa em prever que ‘§ 1º A empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador’”. (Lei 8.213/91, art. 19, § 1º).
Existe ainda portaria (PORTARIA CONJUNTA Nº 20, DE 18 DE JUNHO DE 2020) que diz quea empresa “deve estabelecer e divulgar orientações ou protocolos com a indicação das medidas necessárias para prevenção, controle e mitigação dos riscos de transmissão da COVID-19 nos ambientes de trabalho. E que as orientações ou protocolos devem estar disponíveis para os trabalhadores e suas representações, quando solicitados.”
Segundo a diretora do Sinergia, Carolina Faraco Santolin, o sindicato seguirá atuando em todas as frentes para minimizar os riscos de contaminação pelo novo coronavírus. “Todos os trabalhadores têm o direito de trabalhar em um meio ambiente do trabalho que não ofereça riscos à sua vida e saúde. Do mesmo modo, é responsabilidade de qualquer empregador assegurar um meio ambiente de trabalho saudável.”
Todo caso de negligência por parte da empresa com relação às orientações das autoridades sanitárias deve ser denunciada ao Sindicato (telefones no site http://www.sinergia.org.br/paginas/quemsomos) e à CIPA.
Vale lembrar ainda que na Eletrosul a CIPA não participa do comitê de gerenciamento de crise e que a portaria diz textualmente que a “CIPA, quando existente, deve participar das ações de prevenção implementadas pela organização”. Diz também a portaria que a empresa “deve priorizar medidas para distribuir a força de trabalho ao longo do dia, evitando concentrações nos ambientes de trabalho, e que “as orientações ou protocolos devem estar disponíveis para os trabalhadores e suas representações, quando solicitados”.
A Eletrobras é a empresa com mais número de mortos por covid-19 (5 óbitos) no âmbito do Ministério das Minas Energia, segundo boletim de monitoramento do ministério divulgado em 22 de junho.
A Eletrobras com 10.872 empregados superou a BR Petrobras que atualmente conta com 46.416 trabalhadores efetivos e no mesmo período não registrou nenhuma morte.
Duas outras empresas ficam em segundo lugar com maior número de mortos. Umaé a ANM, com 3 mortos num universo de 1.544 empregados e a CPRM com 3 óbitos num total de 2.359 trabalhadores. Outra morte aconteceu no MME. Assim, na soma total do Ministério das Minas e Energia já são 12 mortos entre 67.613 trabalhadores.
Neste momento em que enfrentamos um vírus letal e que a esmagadora maioria dos infectologistas defendam o isolamento social,é importante manter todo cuidado, buscando a prevenção da doença. Além disso há a necessidade de se redobrar estes cuidados em locais onde a situação é mais crítica como em Florianópolis onde 85% das unidades de tratamento intensivo para Covid-19 estão ocupadas.
Pedro Aurélio Teixeira, da Agência CanalEnergia
Os meses de março, abril, maio e junho não serão lembrados apenas por serem os que a população teve que ficar confinada em casa devido a pandemia de Covid-19. O período também ficou marcado pelo alto número de ataques cibernéticos aos sistemas das empresas. O setor elétrico não está passando incólume por esse período. No dia 29 de abril, os sistemas da Energisa foram atacados, fazendo com que por medidas de segurança o site e o aplicativo das distribuidoras do grupo ficassem fora do ar. Já no dia 16 de junho, foi a vez da Light (RJ), que atende a região metropolitana do estado. O ataque afetou computadores da empresa e derrubou seu site.
Antes disso, em março, a Raízen também foi alvo de ataques de hackers que afetaram parcialmente a operação dos seus sistemas e das suas controladas, conforme a própria empresa revelou em fato relevante ao mercado. No caso de Energisa e Light, o fornecimento de energia não foi afetado pelo ataque dos hackers. A Energisa recuperou todos os seus sistemas de segurança e normalizou o atendimento dos serviços em cerca de uma semana após o ataque cibernético. Em nota, ela ressaltou que avisou as autoridades e conseguiu blindar os sistemas de operação e o fornecimento de energia, que não foram atingidos.
Também em nota, a Light disse que o ataque não causou qualquer reflexo no abastecimento de energia, afetando um número limitado de computadores da empresa. “O corpo técnico da empresa vem elaborando diagnósticos, ações e recomendações que já estão sendo implementadas por seus colaboradores”, revelou o comunicado.
De acordo com Marcelo Branquinho, CEO da TI Safe, a adoção do home office fez com que a mão de obra das empresas fosse para as residências dos funcionários, abrindo as suas redes para acessos externos. Segundo ele, isso pode desencadear uma série de problemas, que vão desde o tipo de segurança da conexão que está sendo adotada até os computadores usados notrabalho, que podem acabar virando alvo de ataques. “Estão fazendo uma conexão segura com VPN ou é uma HTTP? As máquinas estão seguras ou têm malware? Há inúmeras possibilidades, mas todas elas estão ligadas ao home office”, explica. Segundo ele, o acesso remoto descontrolado pode se tornar um problema, já que quando uma credencial de usuário disponível é usada para o acesso remoto, deixa o sistema propício a ataques.
Atuando na tecnologia de automação em muitas empresas do setor, a empresa viu os chamados saltarem de cinco mil em março para 23 mil no mês de junho, o que dá um crescimento de 460% no período. Segundo Branquinho,esses ataques não estão chegando às redes de automação, o que ocasionaria problemas na operação doa ativos dos players do setor. Os ataques não ficaram restritos ao Brasil. Em Portugal, a EDP também sofreu ataques. Segundo Thiago Branquinho, CTO da empresa, a onda de ataques cibernéticos é global. Recentemente, a TI Safe fez uma apresentação para elétricas da Argentina, que também detectaram aumento expressivo nos ataques.
Essa onda de ataques as empresas do setor fez com que muitas empresas acelerassem seus investimentos em segurança cibernética. O CTO da empresa conta que a TI Safe já atingiu as metas desse ano, devido ao grande aumento da procura. Os pedidos são para execução imediata e as empresas querem se proteger o mais rápido possível. Thiago Branquinho conta que a empresa vem fazendo instalações remotas das soluções, com complexidade mais elevada e que, devido ao aspecto da segurança.
O CEO da empresa acredita que a insegurança nos sistemas trazida pela pandemia de Covid-19 vai agilizar a adoção de regras pelo órgão regulador do setor. Segundo Branquinho, a Agência Nacional de Energia Elétrica está ciente do panorama e alguma decisão deve sair ainda este ano. “Esse momento vai catalisar alguma coisa importante”, avisa.
A TI Safe sugeriu algumas ações para melhorar o ambiente de segurança
1. A empresa deve ter uma política de segurança formalizada
2 . Controle o acesso à internet (Aplicação de conceito de menor privilégio e restrição de conexões de entrada e saída)
3. Separe a Tecnologia da Informaçãoda Tecnologia da Automação
4. Proteja o acesso remoto (Liberar o acesso somente para quem precisa e os recursos necessários)
5. Proteja as máquinas de usuários
6. Cuide dos usuários externos (criar política de segurança para fornecedores)
7. Faça Back Up
8. Tenha um plano de continuidade (O que fazer no momento crítico)
9. Monitore tudo (Firewalls de TI/TA, Endpoints, Ferramentas de controle de acesso e back up)
10. Desconfie da nuvem (Projetos de Smart Grid, digitalização de redes e subestações exigem cuidados)
11. Segurança Física (Restringir o acesso e fluxo de pessoas em centros de controle)