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Agrizone: a vitrine ‘verde’ do agronegócio na COP30

Com marcas como Bayer e Nestlé, o espaço da Embrapa teve protesto do MST e visita de ministros do governo Lula

A poucos metros da área onde indígenas, quilombolas, camponeses e diversos movimentos populares discutem soluções para o futuro do planeta e denunciam as grandes corporações como destruidoras da natureza, um pavilhão se ergueu como vitrine do agronegócio. A Agrizone – casa da agricultura sustentável – é uma área criada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

No espaço, a cor verde predomina, como se o design buscasse convencer o olhar de que sustentabilidade é apenas uma questão de tonalidade. Mas o discurso ambiental, ali, convive com logotipos de gigantes empresariais de setores como agrotóxicos e ultraprocessados com um histórico bem menos ecológico.

O pavilhão principal traz o tom científico das pesquisas da Embrapa com o brilho corporativo das grandes marcas. Chama atenção, logo no início, um vídeo institucional que mostra o histórico e o papel da empresa pública. O material anuncia categoricamente: “A mudança climática é real”. A frase, dita com voz grave pela locução, soa quase como uma confissão de uma evidência incômoda que, por muito tempo, o agronegócio tentou negar. O filme termina exaltando as décadas de atuação da Embrapa no desenvolvimento de tecnologias para o campo.

Entrando no espaço, é possível encontrar o estande da Bayer. Condenada em processos por contaminação de agrotóxicos, figura no evento ofertando um serviço chamado Pro Carbono. O projeto da gigante alemã oferece um serviço de consultoria para grandes produtores de monoculturas (milho, soja, trigo) que desejam diminuir a chamada “pegada de carbono” das atividades e conectar esse serviço com outras indústrias que buscam diminuir, ao longo de sua cadeia produtiva, os números de emissões de gases do efeito estufa (GEE). Tudo isso sem ir fundo na ferida central: o modelo das monoculturas.

Em 2024, seis organizações formalizaram uma denúncia pública à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) contra Bayer por violações contínuas cometidas contra comunidades tradicionais na Argentina, Bolívia, Brasil e Paraguai, apontando o contribuição para a expansão de cultivos transgênicos e o uso irresponsável de agrotóxicos.

Mais adiante, o visitante encontra a Nestlé, a maior empresa de alimentos do planeta. No seu stand, uma ativação de marketing mostra seus produtos como vários tipos de café. Nenhuma bolacha ultraprocessada à vista na degustação da empresa que admitiu, em 2020, que 60% de seus produtos não são saudáveis, segundo uma apresentação interna obtida pelo Financial Times.

Na época, a empresa respondeu: “Acreditamos que uma dieta saudável significa encontrar um ponto de equilíbrio entre bem-estar e fruição. Isso inclui ter algum espaço para alimentos de padrões menos rigidamente controlados quando o consumidor busca prazer, com moderação.”

No final de 2024, o grupo anunciou que se retiraria de uma aliança global para cortar as emissões de gás metano e reduzir o impacto ambiental da pecuária leiteira. A empresa afirmou que, apesar da saída, continuaria trabalhando para reduzir as emissões de gases de efeito estufa com o compromisso de zero emissões até 2050.

A indústria automobilística também está na Agrizone. A Fundação Toyota é uma das patrocinadoras do evento e a empresa conta com um estande, o Biomethane, onde apresenta seus modelos híbridos aos interessados, um utilitário. Assim como suas outras vizinhas do evento, a empresa conta um passivo ambiental, nesse caso, ligado à fraude. Nos Estados Unidos, a sua subsidiária, Hino Motors, foi multada em US$ 1,6 bilhão e declarou-se culpada por fornecer dados falsos em testes de emissões de CO₂ de mais de 105 mil carros vendidos entre 2010 e 2022.

*Escrito por: Afonso Bezerra

Notícia completa em: Agrizone: a vitrine ‘verde’ do agronegócio na COP30 — Brasil de Fato

Novembro Negro e Marcha das Mulheres Negras reafirmam a luta por igualdade

CUT destaca o protagonismo das mulheres negras e o compromisso com o combate ao racismo, ao machismo e à violência nas periferias e a defesa da democracia

Novembro é um mês simbólico e de profunda importância para a população negra no Brasil. Marcado pelo Dia da Consciência Negra, celebrado no próximo dia 20, o período convida a sociedade a refletir sobre o racismo estrutural, as desigualdades históricas e a resistência do povo negro ao longo dos séculos.

O mês também será marcado pela Marcha das Mulheres Negras, movimento que reafirma o protagonismo feminino negro na luta contra o racismo, o machismo e a violência nas periferias do país. Em novembro de 2015 cerca de cem mil mulheres negras de todo o Brasil marcharam em Brasília na histórica mobilização que defendeu o bem viver e denunciou o racismo estrutural.

“A expectativa é que um milhão de mulheres marchem na capital federal, no centro do poder político do país. A mobilização das organizações de mulheres, do movimento negro e da juventude é fundamental para que, um dia, possamos construir uma democracia plena e verdadeira no Brasil”, afirma Maria Júlia Nogueira, secretária nacional de Combate ao Racismo da CUT.

O 20 de novembro homenageia Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares e símbolo da luta pela liberdade. A data foi oficializada para destacar a contribuição dos negros na construção da sociedade brasileira e denunciar as desigualdades que ainda persistem.

Racismo estrutural e violência policial

Apesar de avanços nas políticas públicas e no debate sobre diversidade, os desafios permanecem gritantes, especialmente nas comunidades periféricas. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), 82% das pessoas mortas pela polícia em 2023 eram negras. O dado faz parte do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024 e mostra como o racismo estrutural segue definindo quem vive e quem morre no país.

O mesmo levantamento aponta que, em 2023, a polícia brasileira matou mais de 6.400 pessoas — o equivalente a 17 mortes por dia. Em estados como Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo, a maioria absoluta das vítimas é de jovens negros moradores de periferias. O padrão se repete ano após ano, evidenciando que a cor da pele ainda determina o grau de vulnerabilidade diante das forças de segurança.

Esses números não são isolados. Um relatório de 2024 da Anistia Internacional Brasil destaca que o país vive uma “crise de segurança pública marcada pela seletividade racial”.

Jovens negros são frequentemente alvos de operações violentas e de abordagens abusivas, enquanto políticas de prevenção e inclusão social seguem insuficientes. Um exemplo recente foi a ação policial no Rio de Janeiro que deixou mais de 117 mortos, a grande maioria negra.

“A violência policial no Brasil tem cor, território e classe. É a juventude negra das periferias que paga com a vida por um Estado que ainda enxerga corpos negros como ameaças. Precisamos de políticas públicas que valorizem a vida e garantam segurança, sem genocídio”, afirma Maria Júlia Nogueira.

Mulheres negras na linha de frente da resistência

As mulheres negras também sofrem impactos diretos desse contexto. São mães, irmãs e companheiras de vítimas da violência estatal, mas também lideranças que transformam dor em resistência. Na Marcha das Mulheres Negras, elas denunciam o genocídio da juventude negra, a desigualdade econômica e a invisibilidade histórica de suas pautas.

“As mulheres negras estão na linha de frente porque são elas que seguram a luta nas comunidades, que enfrentam a dor da perda e ainda se levantam para exigir justiça. A resistência dessas mulheres é o que mantém viva a esperança de um país mais justo e igualitário”, destaca Júlia Nogueira.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres negras representam 27% da população brasileira, mas ocupam apenas 6% dos cargos de liderança e recebem, em média, 46% menos que homens brancos. Ainda assim, estão na linha de frente da luta por justiça e equidade.

Consciência Negra: prática diária de transformação

Mais do que um mês de celebração, novembro é um convite à reflexão e à ação. A Consciência Negra não se resume a uma data no calendário: é uma prática diária de resistência, memória e transformação social.

É tempo de reconhecer as contribuições da população negra para a cultura, a política e a economia do país — e de enfrentar, com coragem e compromisso, as estruturas que perpetuam o racismo e a exclusão”, finaliza a dirigente.

Escrito por: Walber Pinto | Editado por: Rosely Rocha

Rede Vida Viva faz pesquisa para saber os impactos da digitalização no cotidiano das pessoas – PARTICIPE!

A Rede Vida Viva tem acompanhado de perto as mudanças que vêm transformando o mundo do trabalho no Brasil e no exterior. A digitalização, cada vez mais presente em todos os setores, vem reorganizando os processos de trabalho, elevando a produtividade e, ao mesmo tempo, intensificando o controle sobre cada passo dos trabalhadores. Diante desse cenário, é fundamental compreender como essas transformações têm afetado a vida, a saúde e as condições de trabalho de quem está na linha de frente. 

Por isso, a Rede Vida Viva convida você a participar de uma pesquisa que busca ouvir os trabalhadores e trabalhadoras sobre os impactos da digitalização em seu cotidiano. Sua experiência é essencial para construirmos, juntos, um novo olhar sobre o trabalho e para pensarmos caminhos coletivos de resistência e transformação. 

Acesse a pesquisa clicando aqui.

Atlas do Serviço Público de Santa Catarina é lançado na Alesc

Nesta terça-feira (4/11), o Sinergia esteve presente no lançamento do Atlas do Serviço Público de Santa Catarina, iniciativa organizada pela Frente Parlamentar em Defesa do Serviço Público e pelo Fórum Catarinense de Defesa do Serviço Público.

O objetivo do material é fortalecer a atuação do movimento sindical, oferecendo dados e análises essenciais para a defesa dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras do setor público e para a garantia de serviços públicos de qualidade para toda a população.

O Sinergia marcou presença na atividade e reforçou a luta contra a Reforma Administrativa, que ameaça direitos, serviços essenciais e o papel social do Estado.

“Seguiremos na defesa de uma Celesc pública, estatal e a serviço dos catarinenses, com organização e mobilização permanente ao lado das demais entidades!”, destaca o coordenador geral do Sinergia Tiago Vergara.

Confira abaixo o ATLAS do serviço público completo:

Mudam o nome, mas não apagam a história

POR TRÁS DA NOVA MARCA ESTÁ O MESMO PROJETO QUE ENTREGOU O PATRIMÔNIO PÚBLICO AO MERCADO FINANCEIRO

Dia 22 de outubro, a Eletrobras anunciou que passará a se chamar Axia a partir de 10 de novembro. Segundo a empresa, o nome de origem grega significa “valor”, mas na prática, a mudança tenta apagar a essência e a história da Eletrobras, uma das maiores conquistas do povo brasileiro, símbolo de soberania, desenvolvimento e compromisso com o país.

 O nome Eletrobras sempre carregou o DNA nacional, que significa “Eletro”, de eletricidade, e “Brás”, de Brasil, expressando o ideal de energia como bem comum, de engenharia nacional como instrumento de soberania e da eletricidade como direito de todos. Com “Axia”, o que se busca é apagar essa identidade coletiva e substituir o compromisso público pela lógica fria do lucro e dos acionistas.

 Desde a privatização, os resultados são evidentes: enquanto a alta cúpula da empresa viu seus salários aumentarem em mais de 2.000%, os trabalhadores sofreram com demissões, redução salarial e perda de direitos. A gestão, que se diz “moderna e inovadora”, tornou-se mais burocrática, centralizadora e menos transparente, dificultando até processos básicos como emissão de PPPs, reembolsos e marcação de férias.

 A justificativa de que a mudança busca “agilidade e inovação” é apenas retórica. O verdadeiro objetivo é reconfigurar a imagem da empresa para o mercado, tentando esconder o fato de que a Eletrobras, construída com o dinheiro e o trabalho do povo brasileiro, foi entregue ao capital privado e deixou de cum prir sua função social e estratégica.

 A mudança de nome tenta romper com a memória de uma empresa que foi responsável por integrar o sistema elétrico nacional, levar energia a regiões antes esquecidas pelo mercado e garantir segurança energética ao país. Apagar essa trajetória significa apagar o papel do Estado como indutor do desenvolvimento e negar a importância das políticas públicas que levaram luz, dignidade e progresso a milhões de brasileiros.

 A Intersul, CNE, Federações e a Confederação Nacional dos Urbanitários lutarão, junto com entidades sindicais, movimentos populares e parlamentares comprometidos com o interesse público, para que a Eletrobras volte a ser pública, transparente e voltada ao desenvolvimento nacional. A entrega de patrimônio público só prejudica a população brasileira e afeta a soberania do país.

 A estatização não é apenas uma pauta econômica, é um projeto de Brasil, de futuro e de respeito ao que foi construído coletivamente pelo povo brasileiro. Para a Intersul, a mudança do nome é simbólica e representa o apagamento da memória de um  patrimônio nacional e a submissão do setor elétrico brasileiro aos interesses do mercado. “Podem mudar o nome que quiserem, a luta pela reestatização da Eletrobras e pela defesa das empresas públicas continua firme.”, enfatiza Tiago Bitencourt Vergara, funcionário da Eletrobras e coordenador Geral do Sinergia e coordenador do Coletivo Nacional dos Eletricitários.

 A Intersul reforça que a energia elétrica é um direito essencial para a vida e ao desenvolvimento de um país e se preocupa demais com os rumos que a gestão privada da Eletrobras está tomando onde fica evidente que a preocupação com a manutenção do sistema elétrico tem ficado em segundo plano e priorizando o lucro dos acionistas.

 O povo brasileiro sabe que a Eletrobras é mais do que uma marca: é parte da sua história, da sua soberania e da sua capacidade de construir um futuro com justiça social e independência energética! 

Terceirizado morre em acidente de trabalho durante serviço para a Celesc

O caso é o terceiro óbito registrado durante a gestão do atual presidente da Celesc

No dia 21 de outubro, um trabalhador terceirizado morreu após um grave acidente de trabalho na região de Caçador, no Meio-Oeste catarinense. A vítima era encarregada de uma equipe de uma empreiteira contratada para realizar serviços de roçada e limpeza em redes da Celesc.

De acordo com informações, o acidente ocorreu durante a retirada de uma árvore de eucalipto localizada na borda de um talude, próxima a uma estrada de acesso a uma propriedade rural. A operação contava com o auxílio de uma escavadeira, que havia direcionado o tombamento da árvore conforme o planejamento inicial. A vítima chegou a ser socorrida com vida e encaminhada para atendimento médico, mas não resistiu aos ferimentos.

O acidente ocorreu no mesmo período em que a empresa realizava suas SIPATs integradas (Semanas Internas de Prevenção de Acidentes do Trabalho) em todo o estado.

 A Intercel acompanha os casos e alerta que a ampliação da terceirização e a sobrecarga dos trabalhadores próprios têm aumentado o risco de acidentes e gerado insegurança entre os empregados.

 Os sindicatos ressaltam que a crítica não se dirige aos profissionais da área de segurança, mas à diretoria da Celesc, que tem priorizado resultados financeiros e dividendos de acionistas em detrimento da segurança dos trabalhadores. “Os trabalhadores da Celesc vivem uma verdadeira roleta-russa. Se nada mudar na gestão, é difícil prever quem será o próximo”, alerta.

 A Intercel reafirma seu compromisso com a saúde e segurança dos trabalhadores e vai buscar os órgãos fiscalizadores para que tomem as providências frente ao caso. A entidade seguirá cobrando mudanças na política adotada pela atual diretoria, exigindo condições de trabalho seguras e dignas para todos os trabalhadores da Celesc próprios e terceirizados.

TRANSIÇÃO ENERGÉTICA JUSTA, SOBERANA E POPULAR

Propostas dos trabalhadores e trabalhadoras para resistir e vencer

Diante da crise climática crescente e da importância da questão energética apresentamos nossa análise e os compromissos com o povo brasileiro e os povos do mundo para uma transição energética justa, soberana e popular.  Somos trabalhadores e trabalhadoras, da classe que trabalha e produz a riqueza da humanidade. Somos a Plataforma Operária e Camponesa da Água e Energia. 

CONSIDERAMOS QUE ENTRAMOS NUMA NOVA ÉPOCA DA HISTÓRIA.

Consideramos que para desvendar as reais causas da crise climática é preciso analisar o local reservado da produção, que hoje é baseada num sistema de exploração do trabalho, de produção de mercadorias, que visam a acumulação das riquezas na mão de poucos com lucro privado e não para satisfação das necessidades das maiorias. Este modo de produção exclui, marginaliza e oprime a maioria da população.

Consideramos que é o capital financeiro quem domina e dirige o sistema mundo capitalista.

Consideramos que há uma crise mundial, econômica, política, geopolítica, ambiental e cultural. Crise múltipla que aponta os limites e a brutalidade do modo de produção capitalista e sua incapacidade de oferecer à humanidade senão a piora das condições de vida do planeta. E a crise de 2008 sinalizou o ingresso em um novo período histórico.

Consideramos que o neoliberalismo redefiniu progressivamente os padrões de inserção da economia brasileira e de muitos países periféricos na divisão internacional do trabalho, desfavorecendo ainda mais os países e as populações mais pobres.

Consideramos que a política energética tem papel relevante neste momento histórico e que a questão energética é parte importante da geopolítica e da disputa pelo poder e dominação em escala mundial.

Consideramos que em nossos territórios existem bases naturais de elevada potencialidade energética.

Consideramos que parcela importante da energia foi transferida para o controle privado dos bancos e fundos financeiros.

Consideramos que a privatização da energia contraria frontalmente os interesses populares e o cuidado ao meio ambiente.

Consideramos que os preços da energia elétrica, do gás de cozinha e combustíveis foram transformados em instrumento de rapinagem da riqueza nacional dos países periféricos e dos povos ou da classe trabalhadora em geral, principalmente com a entrega recente da Eletrobras, da BR Distribuidora, da Liquigas e de parte das refinarias da Petrobrás.

Consideramos os trabalhadores e trabalhadoras do setor energético, os atingidos pelos projetos e os pequenos consumidores de energia como vítimas deste sistema em geral e da privatização.

Consideramos que o crescimento mundial das forças fascistas é produto do capitalismo em crise, instrumento para sua preservação e uso da extrema violência contra a classe que trabalha.

Na esperança de uma vida melhor aos povos e ao planeta, surgem forças emergentes buscando construir um mundo diferente, talvez mais justo, democrático, civilizado e belo, entre as quais se destaca como potência a China.

NÃO HÁ SOLUÇÃO DE MERCADO PARA A CRISE CLIMÁTICA. 

O debate internacional e nacional atual, sobre a crise climática, é dominado pela preocupação em reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) para conter o aquecimento global. 

Porém, no capitalismo a crise climática é crescente. Os grandes problemas ambientais da nossa época são causa e consequência das relações de produção e circulação das mercadorias da sociedade burguesa, que tem como característica o rentismo, a produção destrutiva e as guerras.

O fracasso das Conferências oficiais hegemonizados pela classe burguesa sobre mudanças climáticas é evidente, e se limitam a buscar caminhos para transformar o meio ambiente em mais uma fronteira de acumulação e lucro, fundada no consumismo, no desperdício, na obsolescência programada das mercadorias, nas guerras e num crescimento incessante da apropriação, uso e destruição da base material da própria vida. 

As chamadas “soluções de mercado”, tem como objetivo último alargar os negócios burgueses e arrastar a classe trabalhadora mundial para falsas ideias de resolução da crise.

Embora, fontes renováveis possam oferecer algumas vantagens, é sabido que não existe fonte de energia totalmente limpa e renovável. 

NOSSAS PROPOSTAS PARA TRANSIÇÂO ENERGÉTICA JUSTA. SOBERANA E POPULAR

Uma transição energética justa, soberana e popular deve contemplar os interesses da imensa maioria da humanidade, ou seja, da classe que trabalha e produz a riqueza, e o caminho para a vitória é o fortalecimento do trabalho de organização e luta das massas trabalhadoras em escala nacional e internacional. 

A agenda da Transição Energética ainda está em disputa e resultará dos confrontos, trajetórias e motivações dos diferentes interesses envolvidos na luta entre as classes. E a tomada do poder do Estado pelos trabalhadores e trabalhadoras é fundamental nesta luta.

A nível global, uma transição energética justa, soberana e popular, somente será alcançada com uma redefinição da divisão internacional e sexual do trabalho e o fim da dominação das grandes corporações e do capital financeiro internacional, o que exigirá a superação do modo de produção capitalista.

Em escala nacional, uma transição energética justa, soberana e popular, deve ser adaptada as características de nossa realidade e será o resultado de uma redefinição radical dos termos de inserção de nossa economia periférica e dependente na divisão internacional do trabalho. Será condição e resultado da afirmação da soberania nacional e popular, expressa em soberania energética, soberania alimentar, soberania cultural e econômica em sentido amplo.

Trata-se de lutar e construir socialmente o entendimento de que ENERGIA NÃO DEVE SER MERCADORIA, MAS UM BEM COMUM DO POVO. Uma política energética guiada pela ótica da “soberania, distribuição da riqueza e controle popular”.

Plataforma Operária e Camponesa da Água e Energia 

Luta contra a reforma administrativa é de todos os trabalhadores, diz Sergio Nobre

Presidente da CUT, Sergio Nobre, convoca toda a classe trabalhadora para apoiar o ato, nesta quarta-feira, dia 29, em Brasília, contra a reforma administrativa que coloca em risco o atendimento à população

*Escrito por: Rosely Rocha e Walber Pinto

O presidente da CUT Nacional, Sergio Nobre, convoca toda a classe trabalhadora a estar presente e apoiar o ato dos servidores públicos das três esferas (federal, estadual e municipal), que será realizado nesta quarta-feira (29), em Brasília, a partir das 9 horas, em frente ao Museu Nacional, contra a reforma administrativa.

“Dia 29 é o dia da marcha dos trabalhadores contra a reforma administrativa. Uma reforma nefasta que visa acabar com os serviços públicos. É a PEC 32 disfarçada que está rolando no Congresso Nacional. Vamos sair numa grande caminhada para mostrar que a classe trabalhadora não aceita mudança autoritária que tire os seus direitos. E essa luta não é uma luta só dos servidores públicos, é de toda a classe trabalhadora brasileira”, disse Sergio Nobre.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 32 foi arquivada em 2021 e trazia uma série de medidas negativas para os servidores públicos, que prejudicaria o atendimento ao público, além de abrir uma grande porta para a corrupção.

Interesses escusos

Essa mesma porta será reaberta caso o Congresso Nacional aprove a proposta de reforma administrativa, apresentada na última sexta-feira (24), pelo deputado Pedro Paulo (PSD-RJ) que retoma o discurso de “combate a privilégios” e modernização do Estado, mas provoca impactos diretos nas relações de trabalho do funcionalismo público.

Com o discurso de modernizar o Estado brasileiro, o novo texto da reforma administrativa, na verdade, vai permitir que políticos coloquem em cargos chaves seus apadrinhados, impedindo que servidores concursados, com estabilidade denunciem toda e qualquer tentativa de casos de prevaricação. Um exemplo foi a denúncia das joias no valor de mais de R$ 16 milhões, apreendidas pela Receita Federal, que seriam presentes do governo saudita à ex-primeira dama Michelle Bolsonaro. A legislação não permite a posse de presentes nesses valores. Em casos como aquele, as joias devem ir para o acervo da União.

Outro discurso amplamente propagado é de que a reforma acabará com os supersalários. Mas o que esses políticos não dizem é que um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), mostrou que em 2021, 40% do funcionalismo recebia, em média, o equivalente a dois salários mínimos, em comparação ao valor do salário mínimo em setembro de 2023 (R$ 2.604).

Outros dados desmentem o mito do “Estado inchado”: de acordo com nota técnica da Consultoria de Orçamento do Congresso Nacional, a despesa da União com pessoal caiu de 4,32% para 3,39% do PIB entre 2017 e 2023. A média salarial no setor público é inferior ao que se propaga: 62% dos servidores federais ganham até R$ 7 mil, e a maioria atua em áreas essenciais como saúde, educação e assistência social, publicou a Condsef, em julho deste ano.

Leia a notícia completa em: Luta contra a reforma administrativa é de todos os trabalhadores, diz Sergio Nobre – CUT – Central Única dos Trabalhadores

A piora dos serviços da Copel faz parte de uma estratégia

Empresa privatizada demitiu e piorou as condições de trabalho de seus funcionários



*Por Leandro Grassmann

No mundo corporativo contemporâneo, é quase um mantra que “as pessoas são o nosso maior ativo”. Empresas investem pesado em políticas de gestão, códigos de conduta e pacotes de benefícios atrativos para reforçar essa imagem. A Copel, uma das maiores companhias de energia do Brasil, é um exemplo desse discurso. Seus documentos oficiais, como a Política de Gestão de Pessoas (NPC 0401), declaram que “os empregados são os recursos mais valiosos” e que as relações de trabalho são pautadas pela “ética, respeito às pessoas, dedicação, transparência, segurança e saúde“.

Anúncios de vagas reforçam essa narrativa, prometendo um “pacote de benefícios acima do mercado”, que inclui desde vale-alimentação e plano de saúde extensivo à família até participação nos lucros e programas de bem-estar. Contudo, uma análise mais aprofundada da realidade da empresa revela um paradoxo desconcertante, onde a prática parece divergir drasticamente do discurso.

O contraste nos bastidores

Enquanto a empresa projeta uma imagem de valorização, os sindicatos que representam seus trabalhadores mostram um quadro oposto. Desde que Daniel Slaviero assumiu a presidência da Copel em 2019, a companhia adotou explicitamente o que chamou de “Mindset privado“, focado na maximização de lucros e minimização de despesas.

Em novembro de 2023, ao apresentar o plano estratégico pós-privatização aos investidores, Slaviero foi claro: a prioridade seria “fazer a lição de casa saneando custos”, com meta de economizar mais de R$ 500 milhões em três anos, sendo que a maior parte viria da otimização de despesas com pessoal. Na negociação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2025/2026, a proposta da Copel foi classificada como um “insulto” pelas entidades sindicais. A oferta consistia em corrigir salários e alguns benefícios apenas pela inflação (INPC), sem ganho real, apesar de a empresa ter registrado um crescimento de 20% em seu resultado desde que a atual diretoria assumiu. Além disso, a companhia propôs a retirada do auxílio-alimentação das garantias do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), uma manobra que poderia permitir a tributação do benefício.

Essa estratégia de redução de custos com pessoal se traduziu em números concretos. Em 2010, a Copel tinha 8.907 empregados próprios. Em 2021, esse número caiu para 6.538, uma redução de 30%. No mesmo período, os trabalhadores terceirizados saltaram de 5.225 para 8.420, um aumento de 61%. Com o Programa de Demissão Voluntária (PDV) implementado em agosto de 2024, que desligou 1.078 funcionários, os terceirizados passaram a representar aproximadamente 65% da força de trabalho da empresa.

Essa tensão nas negociações é apenas a ponta do iceberg. Um levantamento em portais jurídicos assusta: a Copel Distribuição S.A. figura em mais de 117.000 processos judiciais, enquanto a holding, Companhia Paranaense de Energia, é mencionada em mais de 32.000 ações em diversas instâncias, incluindo o Tribunal Superior do Trabalho (TST).

Esses números ganham uma dimensão humana quando associados a reportagens que denunciam a crescente precarização do trabalho. Um artigo do Brasil de Fato, de junho de 2025, relata a contratação de trabalhadores sem qualificação técnica para funções de alto risco, o que teria levado a acidentes graves e até fatais. A mesma reportagem aponta uma queda vertiginosa na qualidade dos serviços, com a Copel despencando da lista das 10 melhores distribuidoras do país para a 29ª posição entre 31 empresas avaliadas pela ANEEL.

A correlação entre a política de corte de pessoal próprio, o aumento da terceirização e a deterioração dos serviços não é mera coincidência. Em 2016, quando a Copel ainda era majoritariamente estatal e os terceirizados representavam 40% da força de trabalho, a empresa foi considerada a melhor distribuidora da América Latina. Após a adoção do “Mindset privado” em 2019 e a privatização em 2023, com terceirizados ultrapassando os empregados próprios, a qualidade despencou.

Valorização Seletiva: A disparidade salarial

Se o discurso de valorização de pessoas parece vazio para os empregados, ele certamente não se aplica à alta cúpula. Desde a privatização em 2023, a remuneração da diretoria da Copel saltou 429%. O orçamento destinado aos executivos, conselheiros e comitês passou de R$ 11,3 milhões em 2023 para R$ 60,1 milhões em 2024. O presidente Daniel Slaviero, que recebia R$ 72 mil mensais, pode agora embolsar até R$ 382 mil por mês, um aumento de 430%. Os demais diretores podem receber até R$ 324 mil mensais, incluindo salário, bônus e ações.

A justificativa oficial? Segundo a empresa, os valores anteriores estavam “desalinhados em relação às tendências do mercado” e não eram “adequados aos desafios da Companhia na gestão do seu capital humano, que demanda sólidas estratégias de incentivos, atração e retenção de talentos de alto desempenho”.

Enquanto isso, aos empregados que permaneceram após o PDV, a empresa oferece apenas reajuste pela inflação (INPC), sem ganho real, e propõe eliminar o abono, restringir horas extras, acabar com o adiantamento do 13º salário e congelar benefícios como auxílio-alimentação e auxílio-educação. Como já observei em 2022: “Quanto menos se paga aos empregados, mais a Diretoria ganha. Quanto mais lucro proveniente da redução de custos com funcionários, mais a Diretoria ganha.”

Vale ressaltar que, segundo o DIEESE, 89,2% das negociações coletivas no Brasil em 2024 resultaram em ganhos acima da inflação. A proposta da Copel vai na contramão do mercado de trabalho nacional, mesmo com a empresa tendo registrado lucro líquido de R$ 1 bilhão no primeiro semestre de 2024 e distribuindo R$ 632 milhões em proventos aos acionistas.

Veja a notícia completa em: A piora dos serviços da Copel faz parte de uma estratégia — Brasil de Fato

SUS 35 anos: a reconstrução após anos de retrocessos

Em três anos o atual governo amplia acesso, moderniza serviços e fortalece políticas públicas de saúde em todo o país

Após um ciclo de retrocessos que desestruturou políticas públicas e fragilizou o Sistema Único de Saúde (SUS), o atual governo federal iniciou um amplo processo de reconstrução da rede pública. A gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) herdou um sistema enfraquecido pelos cortes orçamentários e pela condução ideológica do governo de Jair Bolsonaro (PL-RJ), que deixou como marca o negacionismo, a omissão, e desprezo pela ciência e os cortes orçamentários na área da saúde.

Especialistas descrevem o cenário encontrado no SUS, em 2023, como “terra queimada”, resultado de políticas que ampliaram desigualdades e reduziram a capacidade do país de enfrentar crises sanitárias como a pandemia de Covid-19. Nesta quarta e última reportagem da série SUS 35 anos, vamos abordar como o atual governo vem reconstruindo o maior sistema público de saúde do mundo.

Retomada das diretrizes originais e da atenção básica

No primeiro ano da atual gestão, sob o comando da ex-ministra Nísia Trindade, o Ministério da Saúde retomou as diretrizes originais do SUS, com foco na atenção básica, na inclusão e na redução das desigualdades regionais. Logo nos primeiros meses, a pasta revogou portarias que contrariavam princípios constitucionais da saúde pública. Entre elas, a de nº 2.561, editada durante o governo Bolsonaro, que obrigava médicos a comunicar à polícia casos de aborto legal — medida que impunha barreiras ao atendimento de mulheres nos hospitais.

Mais Médicos: o merecido retorno

Um dos marcos dessa reestruturação foi a recriação e ampliação do programa Mais Médicos, retomando o projeto de universalização do acesso à saúde iniciado no governo Dilma Rousseff. A nova fase abriu 15 mil vagas, com 3,6 mil médicos em 2 mil municípios, alcançando regiões rurais, periféricas e indígenas, além de populações em situação de rua e o sistema prisional. O programa resgata a presença do Estado onde a iniciativa privada não chega e reafirma o compromisso de levar atendimento digno a todos os brasileiros.

“O avanço da política educacional desde os primeiros governos Lula também tem impacto direto nesse processo. Com a expansão das universidades públicas e dos cursos de medicina, filhos de trabalhadores passaram a ocupar espaços antes restritos às elites, retornando a suas comunidades como médicos formados. Essa transformação alia inclusão social, valorização da educação pública e fortalecimento do SUS — pilares defendidos pela CUT como essenciais para a democratização da saúde”, afirmou Josivania Ribeiro Cruz Souza, secretária de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora da CUT Nacional.

Investimentos e modernização na assistência farmacêutica

Na assistência farmacêutica, o Componente Especializado (Ceaf) garantiu acesso a 177 medicamentos de alta complexidade, com investimento de R$ 7,9 bilhões em 2022. Em 2023, o Ministério modernizou o sistema de solicitação e renovação com a Portaria nº 1.022, que digitalizou todo o processo. Outra medida relevante foi o Programa Nacional de Redução das Filas (PNRF), que destinou R$ 600 milhões à realização de cirurgias eletivas, exames e consultas, atacando um dos gargalos históricos da rede pública.

Saúde do trabalhador volta à pauta

A saúde do trabalhador também voltou à agenda pública. A atualização da Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho (LDRT) ampliou para 347 os códigos de doenças ocupacionais, reforçando o compromisso do governo com a proteção da classe trabalhadora. Dados de 2006 a 2022 mostram que 81,7% dos casos registrados entre profissionais de saúde estavam ligados a acidentes com material biológico, e 16,8% a acidentes de trabalho em geral.

Digitalização e inovação no atendimento

No campo tecnológico, o Conecte SUS avançou como principal ferramenta da Estratégia de Saúde Digital (2020–2028). A plataforma permite acesso a prontuários e histórico vacinal. Em agosto de 2023, todas as 27 unidades da federação haviam aderido ao Conecte SUS Profissional, garantindo maior integração de dados e agilidade nos atendimentos.

2025: Novo PAC Saúde e expansão da rede pública

Em 2025, com o retorno do médico e ex-ministro Alexandre Padilha à pasta, o SUS entrou em nova etapa de expansão. O Novo PAC Saúde prevê a construção de 768 Unidades Básicas de Saúde (UBS), 100 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e 31 policlínicas, além da compra de 10 mil equipamentos para modernização da rede. O plano inclui ainda a requalificação de hospitais federais, ampliação de leitos e o fortalecimento do diagnóstico e tratamento do câncer.

Agora Tem Especialistas: mais acesso e dignidade

Outro avanço é o Programa Agora Tem Especialistas, transformado em lei em 2025, que amplia o acesso a consultas e procedimentos especializados no SUS. Com investimento anual de R$ 2 bilhões, a iniciativa garante prioridade para pacientes com câncer e prevê transporte, hospedagem e atendimento por telemedicina em regiões isoladas.

A diferença entre o descaso e a reconstrução

As diferenças em relação ao passado recente são visíveis. Durante o governo Bolsonaro, a condução negacionista da pandemia resultou em mais de 700 mil mortes e paralisou políticas preventivas. Hoje, o governo federal reage com rapidez a novas ameaças sanitárias, como os casos de intoxicação por metanol. O Ministério da Saúde reforçou estoques de etanol farmacêutico e adquiriu, do Japão, milhares de doses de fomepizol, antídoto de maior eficácia, garantindo resposta imediata aos estados mais afetados.

A lista de serviços do SUS  é imensa. Clique aqui para conhecer tudo que está à sua disposição que você talvez você não saiba que existe.

*Escrito por: Luiz R Cabral | Editado por: Rosely Rocha em SUS 35 anos: a reconstrução após anos de retrocessos – CUT – Central Única dos Trabalhadores.