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Negociação do ACT na AXS Energia segue sem avanços expressivos

Primeira rodada de negociação foi realizada na quarta-feira, 8 de janeiro

O Sinergia negocia há três anos o Acordo Coletivo dos trabalhadores da AXS Energia, empresa com sede em Florianópolis. A empresa alega ser pequena e ainda estar investindo, limitando aumentos salariais e benefícios. Houve algumas melhorias nesse período, como o auxílio-creche (que atinge poucos funcionários), redução do desconto do vale transporte de 1% e o auxílio idiomas.

 A sede da AXS está localizada em região nobre de Florianópolis, próximo à Avenida Beira-Mar Norte e ao bairro Agronômica, onde há um custo de vida elevado, seja para morar, comer ou pagar uma boa creche para os filhos. Logicamente a maioria dos trabalhadores não vive nessa área nobre e depende de transporte coletivo ou veículo próprio  para se locomover ao trabalho. Um dos pedidos dos trabalhadores na Assembleia foi a possibilidade de ter um vale-combustível, negado pela empresa. O vale-alimentação – o mais baixo das empresas que o Sinergia negocia – também segue com dificuldades para passar dos R$ 1.000 mensais. A justificativa da AXS para pagar um vale tão baixo é o fato de ter construído uma “cozinha bem equipada e moderna” em suas dependências, “com dez micro-ondas para os trabalhadores aquecerem a comida que trazem de casa”. A direção da AXS parece desconsiderar que mesmo que o trabalhador traga a comida pronta de casa, ele compra esse alimento no supermercado ou na feira a um custo alto, já que Florianópolis tem hoje a segunda cesta básica mais cara do Brasil. 

13° Vale Alimentação no Acordo Coletivo? Foi negado. A empresa concedeu aos empregados um 13° Vale de R$ 130,00 no fim de 2024, mas se nega a incluir o 13° Vale no Acordo Coletivo 2025.

 No debate sobre o reajuste salarial, a empresa relutou em conceder a reposição pelo IPCA – o pedido da categoria era reposição pelo IPCA mais ganho real, chegando a 8%. A justificativa, como nos anos anteriores, é que “a empresa ainda está no início” e que “só no ano que vem terá voo de cruzeiro” – a mesma justificativa usada na negociação do último ano.

 Outros pedidos formulados pela categoria na Assembleia, como o dia de folga no mês do aniversário ou o trabalho híbrido (home office) foram sumariamente negados pela direção da empresa.

Outro ponto de pauta importante, a redução da jornada de trabalho de 44h para 40h semanais, também foi negado pela direção da AXS, sob argumento que a jornada vigente não é pesada aos seus trabalhadores.

 Pouco antes do fechamento desta edição do Linha Viva, a empresa sinalizou com um pequeno avanço nas negociações: ela aceitou incluir no Acordo Coletivo a cláusula da ginástica laboral – 10 minutos por semana no local de trabalho.

 Na próxima semana o Sinergia realizará com a categoria a Assembleia de apreciação da contraproposta ao Acordo Coletivo de Trabalho. Cada empregado poderá aceitar ou recusar a proposta negociada até o momento. O sindicato defende que a AXS reconheça o esforço dos trabalhadores com melhores salários, benefícios e equiparação do vale-alimentação com outras empresas do setor.

Saúde, segurança e recomposição do quadro funcional próprio precisam ser prioridades na Celesc em 2025

FREQUÊNCIA DE ACIDENTES E FALTA DE PESSOAL PRÓPRIO APONTAM QUE EMPRESA ESTÁ SENDO SUCATEADA PARA DEPOIS SER PRIVATIZADA

 O ano de 2024 ficou marcado na Celesc pelos problemas gerados pela mudança do sistema Comercial, pela falta de empregados próprios em diversos setores, pelo aumento da terceirização e também por acidentes e até morte em serviço.

 A Intercel cobrou responsabilidade, o tempo todo, da direção da empresa e inicia esse ano com o mesmo compromisso: a diretoria precisa parar o processo de sucateamento da companhia e contratar pessoal próprio em número suficiente, fortalecer a área de saúde e segurança, monitorar efetivamente o adoecimento e resolver, de uma vez por todas, os problemas do Conecte.

 A Celesc Pública, que vem sendo reconhecida por vários anos pela qualidade dos serviços prestados à população catarinense, já aparece no noticiário pela falta de energia em algumas cidades – além das notícias das reclamações recorrentes e desde maio sem solução por conta da mudança do sistema comercial, feita de forma atrapalhada.

 Os problemas existentes não são por falta de competência de celesquianos e celesquianas, mas resultam da política negligente e omissa de tentar fazer mais com menos gente – ou seja, priorização do lucro dos acionistas em detrimento da qualidade do atendimento à população. Diversos chefes de Regionais e Departamentos pedem mais trabalhadores para suas áreas – desde eletricistas (que vêm sendo disputados quase a tapas pelas chefias), passando por assistentes administrativos, profissionais de nível superior e técnico e atendentes comerciais. Foram feitas pouquíssimas contratações no ano passado (atendentes comerciais foram contratados em número mínimo para suprir exigências da ANEEL e em resposta à denúncia feita pela Intercel ao Ministério Público do Trabalho) e os celesquianos e as celesquianas sentem na pele a falta de pessoal para ajudar a realizar as atividades diárias.

 A gente sabe que um profissional sobrecarregado acaba adoecendo, se ausenta mais por conta disso e, por consequência, sobrecarrega os colegas do setor. Na homologação de várias demissões de trabalhadores na companhia, nos últimos meses, tivemos vários casos de empregados que afirmaram estar saindo da empresa em virtude do estresse e do volume excessivo de trabalho. Alguns chegam a trocar o emprego na Celesc por outro emprego ganhando menos, mas com a aposta de condições melhores como carga menor de trabalho e ambiente mais amigável.

 Acidentes de trabalho também ocorrem por conta das terceirizações, da sobrecarga e do grande volume de atividades. A Intercel se reuniu no ano passado com a direção da Celesc diversas vezes cobrando mais atenção à saúde e segurança e seguirá cobrando nesse novo ano. A crítica não é feita aos trabalhadores da área de saúde e segurança da empresa – que também fazem muito com pouca gente -, mas à direção que não coloca esses assuntos como prioridade para dar um fim aos acidentes e mortes.

Para o final de janeiro, está agendada uma reunião de representantes da Intercel com a diretoria e membros da Dupont, a consultoria contratada pela Celesc na área de saúde e segurança. O objetivo é conhecer quais medidas de segurança vêm sendo implementadas na empresa e porque não temos bons resultados até o momento, haja vista o número de acidentes e mortes.

 A postura da atual gestão da empresa indica o caminho da privatização. Afinal, se a área de segurança e saúde fica de lado, se a empresa não responde adequadamente às reclamações nas redes sociais e nos meios de comunicação, e não investe de forma adequada em equipamentos, renovação de frota e materiais, o caminho tomado é o do sucateamento e, a seguir, a privatização – ainda que nos discursos e em entrevistas, digam o contrário.

 A gestão de Tarcísio Rosa será sempre lembrada como a mais caótica da história da Celesc para os trabalhadores. Basta caminhar pelos corredores da companhia para perceber o nível de desespero e preocupação da categoria, não apenas nas lojas de atendimento, mas na Administração Central e em diversas Agências Regionais: ninguém sabe os rumos da empresa diante da série de problemas do sistema comercial e isso parece funcionar com efeito cascata, repercutindo em muitos setores e no próprio clima organizacional.

Os sindicatos da Intercel seguem o firme propósito de permanecer lutando pelos direitos da categoria e pela manutenção da Celesc Pública. As lições de 2024 são nítidas: os trabalhadores precisam estar unidos na defesa de seus empregos e da manutenção de direitos. Mobilizações, atos, protestos precisarão ser frequentes e muito fortes para resistir ao desmonte da empresa e para que a Celesc se mantenha na vanguarda, reconhecida entre as melhores companhias de energia de todo o Brasil. 

As lideranças, sejam diretores ou gerentes, precisam acordar e atuar de forma decisiva, não apenas repetir discursos desalinhados com a prática, que só geram mais insegurança e medo na categoria. Que o medo e a insegurança cessem nesse novo ano e que no fim de 2025 possamos comemorar o fim de acidentes de trabalho, a resolução dos problemas do Conecte e a adequação do quadro de pessoal próprio à realidade do Estado de Santa Catarina.

 Trabalhador/trabalhadora: mobilize, venha pra luta! Juntos, resistiremos! 

Grupos de Trabalho são retomados

Temas importantes para a categoria estão sendo debatidos entre empresa e sindicatos

Durante as negociações do Acordo Coletivo de Trabalho 2024/2025 na Celesc ficou acordado entre sindicatos e empresa a construção de Grupos de Trabalho (GTs) para debater determinados temas de interesse da categoria e da empresa. Confira no quadro abaixo o andamento dos Grupos de Trabalho no final de 2024 e início de 2025. Vale lembrar que GT não é negociação, mas conversas que gerarão um relatório que poderá ser convergente ou divergente e qualquer alteração de Acordo Coletivo deve necessariamente passar pela Assembleia e aprovação da categoria.

 GT Acordo Escala de Turno e Revezamento:

Em 26 de dezembro foi realizada a primeira reunião após o ACT, onde foi proposto um calendário para a realização de três encontros. Os sindicatos entendem que há necessidade de um número maior de reuniões, já que é um tema de muita relevância e que precisa ser amplamente discutido. Representantes da empresa afirmaram que há intenção de alterar escalas TR1, TR2 e HE4, onde o intervalo é computado dentro da jornada de trabalho. Argumentaram que, supostamente, essas escalas teriam gerado alta demanda de ações judiciais pelos trabalhadores. As escalas que a empresa pretende manter no mesmo formato são HE1 e HE3, ou seja, com intervalo fora da jornada de trabalho. Os representantes da Intercel questionaram que demandas judiciais foram ajuizadas e também solicitaram a recomposição do quadro de pessoal (pois, na grande maioria das escalas, não há trabalhadores suficientes, necessitando a recomposição do quadro). A Intercel enfatizou que nenhum modelo de escala funcionará se não houver mão de obra tanto para compor a escala, quanto para recompor, em casos de férias, atestados e licenças. A empresa se negou a debater a falta de pessoal no GT, alegando que não é escopo, mas os representantes da Intercel insistiram que é impossível dissociar. Ao final, a empresa se comprometeu a encaminhar o número de ações judiciais e o que está sendo pretendido judicialmente, e apresentará um modelo de escala que busque satisfazer as mudanças e a alteração que a empresa pretende. 

GT Horário de Verão Linha Viva:

 A primeira reunião entre sindicatos e empresa foi realizada em 26 de dezembro, para alinhamento de expectativas e construção de cronograma de reuniões. A representação da empresa adiantou que almeja a implantação de equipes reduzidas de linha viva. A Intercel, entretanto, destacou que, a cláusula da qual trata da criação do GT visa a discussão da cláusula 41º do ACT (horário  de verão linha viva), não compreendendo composição ou dimensionamento de equipes, e que seu posicionamento é contrário à redução das equipes de linha-viva. Abrir a possibilidade para a redução das equipes de linha viva, além de impactar nas condições de segurança do trabalho, poderá levar à extinção das equipes próprias de linha viva com 5 eletricistas, relegando o trabalho mais “pesado” às equipes terceirizadas – o que, por sua vez, poderá abrir a porteira para a terceirização completa e irrestrita das equipes de linha viva em todo o estado.

 GT Gratificação Ajustada (GA):

 Grupo de Trabalho finalizado no final de dezembro de 2024. O relatório final já foi assinado, com algumas divergências. O próximo passo é a negociação com a Diretoria da Celesc. Um ponto que convergiu entre os participantes foi a alteração da fórmula que, na proposta apresentada, elimina divisores e limitadores, trazendo uma nova fórmula que facilita aos motoristas a conferência da GA que será paga. A nova fórmula ainda não foi colocada em prática, pois necessita de negociação com a Diretoria. Os representantes dos sindicatos levantaram pontos que são de extrema importância e que foram solicitados por motoristas, entre eles: Tempo máximo de exposição ao volante ao sair das dependências da Celesc (responsabilidade do condutor); Majoração do valor da GA; Escalonamento com GA diferenciada conforme o tamanho do veículo (leve/ médio/pesado); Pagamento da maior GA dos últimos 12 meses em caso de não funcionamento do BUV.

GT Anuênio:

 A empresa trouxe números calculados até muito além do prazo de concessão, o que na visão da Intercel só serve para inflamar as cifras, pois não é possível ter números realistas nesse amplo espaço de tempo. Novas simulações deverão ser realizadas pela Intercel até a próxima reunião.

Fechado o Acordo de PLR 2024 da Eletrobras

ACT Banco de Horas também é formalizado e assinado nos primeiros dias de 2025

Apesar do recesso de final de ano na maioria dos sindicatos, as atividades dos dirigentes não cessaram por completo. Devido à relevância de ter um Termo de Pactuação da PLR 2024 assinado ainda dentro do exercício, os sindicatos que compõem o Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) concluíram as negociações e realizaram assembleias deliberativas nas últimas semanas do ano. No dia 27 de dezembro, todos os sindicatos que compõem a Intersul já haviam realizado as assembleias, aprovado o Termo de Pactuação e assinado o Acordo referente à PLR 2024 das pessoas trabalhadoras da CGT Eletrosul.

 O Acordo fechado é similar ao Acordo do ano anterior (2023), está condicionado ao lucro consolidado e a distribuição de dividendos pela Eletrobras. O “valor alvo” de pagamento foi mantido em 2 remunerações, variando de acordo com o percentual de atingimento das metas, podendo o pagamento efetivo chegar a até 2,6 folhas salariais. A estimativa dos dirigentes sindicais, baseada na verificação dos indicadores que compõem as metas empresariais, é de que o valor da PLR 2024 seja ligeiramente superior ao que foi pago pela PLR 2023. A pressão dos dirigentes sindicais também conseguiu restabelecer o piso mínimo de R$ 15 mil que a Eletrobras pretendia excluir, favorecendo, assim, os menores salários, e também manter o teto de R$ 50 mil que a empresa pretendia reduzir.

Uma das poucas mudanças em relação ao ano anterior foi exatamente a substituição de alguns indicadores. Os indicadores alterados foram sugeridos pela Eletrobras e cuidadosamente examinados pelos dirigentes sindicais que participaram da negociação, a fim de garantir que nenhum indicador que tivesse aparecido de “última hora” pudesse afetar de forma negativa as metas e, eventualmente, reduzir o montante de PLR a ser distribuído.

 Além destas mudanças, outra alteração importante em relação às PLRs anteriores, foi que nesta negociação encerrada no final de 2024 ficou pré-estabelecida a data de pagamento. Conforme acordado, 80% da PLR 2024 será antecipada aos trabalhadores até maio de 2025, e o restante será pago até agosto do mesmo ano. Já a PLR 2025, a ser paga em 2026, terá o processo negocial iniciado ainda no primeiro trimestre de 2025. Esta foi uma exigência dos sindicatos e foi também o compromisso assumido pela Eletrobras, para evitar que o Acordo de 2025 se arraste até o fim do ano, como ocorreu em 2024.

 E para não deixar passar em branco o início do ano novo, nos primeiros dias úteis os dirigentes sindicais da Intersul concluíram a negociação e também assinaram o ACT Banco de Horas 2024/2025, que estava pendente de assinatura desde maio de 2024, quando expirou a vigência do ACT anterior. Embora os termos do Acordo estivessem sendo cumpridos desde o final da sua vigência, a formalização do ACT com sua assinatura é a garantia de que as pessoas trabalhadoras da CGT Eletrosul podem continuar a autogerenciar suas horas acumuladas no seu banco de horas até o limite de 40 horas, cumpridas as disposições do Acordo que foi reeditado exatamente como era o anterior que havia expirado.

Sinergia oficializa filiação à CUT/SC

Em Assembleia Geral Extraordinária com a categoria eletricitária nessa segunda-feira, dia 16, foi referendada a decisão da retomada da filiação do Sinergia à Central Única dos Trabalhadores (CUT). O debate e aprovação da abertura das negociações para o retorno à Central foram realizados no 5° Congresso do Sinergia, em dezembro de 2023.

O Coordenador Geral do Sinergia, Tiago Vergara, celebrou o retorno à entidade: “mais do que nunca, com todos os ataques à Eletrobras e os ataques que tendem a se intensificar ao caráter público da Celesc, é necessário termos a força da CUT ao nosso lado”. Presente na Assembleia, a Presidenta da CUT/SC, Anna Júlia Rodrigues, se emocionou no ato: “o retorno do Sinergia foi muito costurado e desejado pelo saudoso companheiro Jacir Zimmer [ex-Secretário de Assuntos Jurídicos da CUT, falecido em 2021], desde que assumimos a CUT estadual. Com certeza ele está feliz celebrando esse momento”.

Anna Julia deu as boas-vindas à categoria eletricitária, colocou a Central à disposição para todas as lutas e lembrou que a CUT sempre esteve presente nas lutas da categoria eletricitária: “sempre que os dirigentes do Sinergia nos chamaram para greves e atos, a CUT esteve presente. Precisamos agora unificar as lutas dos trabalhadores e das trabalhadoras, resistir aos ataques e construir a unidade”.

LUTO: Segurança precisa voltar a ser prioridade nas empresas de energia

ACIDENTES E MORTES DE TRABALHADORES NA ELETROBRAS E NA CELESC ACENDEM O ALERTA PARA O DESCASO DA DIREÇÃO DAS EMPRESAS COM A SAÚDE E A SEGURANÇA DE SEUS EMPREGADOS

A categoria eletricitária sofre com reiterados acidentes de trabalho e mortes de colegas durante as atividades laborais. Em outubro, uma explosão em uma subestação da Eletrobras em Pernambuco deixou três empregados feridos. Um deles, internado por quase um mês, veio a óbito em novembro em decorrência do acidente. Em outra subestação da Eletrobras, dessa vez no Pará, em 30 de novembro, um trabalhador da empresa teve 60% do corpo queimado quando ele fazia a operação de um banco de capacitores e houve a explosão de um disjuntor. O trabalhador foi internado em estado grave na UTI. No dia seguinte, primeiro de dezembro, um eletricista de empresa terceirizada da Celesc faleceu em Joinville ao cair com um poste enquanto executava o serviço de manutenção na rede de distribuição de energia. Jornais locais noticiaram, com perplexidade, o fato de que a equipe teve que seguir trabalhando no local mesmo com o corpo do colega estendido no chão, logo ao lado.

As causas dos acidentes ainda estão sendo investigadas, mas acendem o alerta, pois não são casos isolados. Na Celesc, conforme dados divulgados pela própria área de segurança, foram 98 acidentes de trabalho típicos até outubro de 2024, sendo 44 com trabalhadores próprios e 54 com terceirizados. Na Eletrobras, enquanto a diretoria faz uma festa de fim de ano com bons espumantes no Rio de Janeiro, colegas pagam com sua vida e com sua saúde o descaso de uma empresa que só pensa no lucro.

Em ambas as companhias, um ponto comum chama a atenção: cortes de custos, falta de pessoal em diversas áreas, equipamentos sucateados e ambientes de trabalho cada vez mais inseguros. Priorizam lucros exorbitantes às custas de sangue e de suor da classe trabalhadora – em alguns casos, à custa da vida de trabalhadores que sustentam a operação.

Na Eletrobras, a Diretoria enviou e-mail à categoria pedindo empenho por segurança do trabalho. Alguns colegas argumentaram que “agora só falta responsabilizarem o trabalhador”. É preciso recordar que é a direção da Eletrobras que vem fazendo demissões em massa, vem sucateando e precarizando os serviços na empresa. Quadros experientes e competentes estão sendo demitidos sem substituição ou reposição, obrigando que os colegas que ficam na companhia se sobrecarreguem, abraçando ainda mais atividades, antes desempenhadas por outros colegas.

Na Celesc, em função do histórico de acidentes laborais, a companhia precisa enviar bimestralmente ao Ministério Público do Trabalho um relatório de acompanhamento de 45 ações firmadas em um Termo de Ajuste de Conduta (TAC). No início de 2024, a direção da Celesc argumentou ter contratado uma empresa de consultoria em segurança, dando a entender que boa parte das ações estariam cumpridas. Os dois acidentes fatais ocorridos na atual gestão da empresa comprovam que ainda há muitos pontos a evoluir para que os empregados possam, de fato, trabalhar com segurança. 

A falta de pessoal em quantidade suficiente que gera sobrecarga, as terceirizações sem fim, a precarização de equipamentos e veículos são pontos comuns entre as empresas. Os acidentes reiterados e as mortes de colegas eletricitários indicam que a segurança na Celesc e na Eletrobras ainda não é tratada como prioridade e precisa ter uma mudança de postura das Diretorias o quanto antes.

A Intercel, a Intersul e o Coletivo Nacional dos Eletricitários seguirão acompanhando as investigações dos acidentes e continuarão cobrando que a categoria tenha mais saúde e segurança em suas atividades.

Infelizmente, nesse final de ano algumas famílias de eletricitários estarão chorando a perda de seus entes queridos. A meta da Direção de Celesc e Eletrobras precisa ser que no próximo ano não haja nenhuma morte e nenhum acidente a ser lembrado ao fim de 2025. O respeito à vida precisa estar em primeiro lugar!

Poder de voto do Governo na Eletrobras permanece em disputa

Acordo em face da Ação de Inconstitucionalidade esbarra no Ministério da Fazenda

Termina no dia 17 de dezembro o prazo dado pelo ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal, para que governo e Eletrobras cheguem a um entendimento sobre o controle da Eletrobras. O acordo vem sendo discutido no âmbito da ação de inconstitucionalidade impetrada pela União desde o início do Governo Lula, que classificou o modelo de privatização e perda do controle do Governo sobre a Eletrobras, como verdadeiro crime de “lesa pátria”, expressão utilizada pelo próprio Presidente Lula. Por essa privatização descabida, o governo, que manteve cerca de 40% das ações da Eletrobras, só pode exercer o voto na administração da companhia como se fosse dono de apenas 10%.

Na semana passada, representantes da Advocacia Geral da União e do Ministério de Minas e Energia tentaram transmitir otimismo na mídia, sobre a possibilidade de entendimento com a direção da ex-estatal privatizada, mas os termos do acordo proposto ao Governo pela Eletrobras não são adequados. O principal crítico da proposta da Eletrobras tem sido o Ministro Fernando Haddad e sua equipe econômica. Segundo matéria publicada por Veja Negócios no dia 9, Haddad e sua equipe consideram insuficiente ampliar o número de indicados da União no Conselho de Administração, como sugere a Eletrobras, mas o fundamental é ampliar o poder de voto da União na Assembleia Geral da Companhia para algo proporcional aos 40% das ações que possui.
Por esta posição divergente, é possível que o acordo não aconteça agora e o prazo tenha de ser prorrogado, deixando que a solução do impasse fique para o início de 2025. Não havendo acordo, ou prorrogação de prazo, a ação de inconstitucionalidade terá de ser julgada e a validade da limitação do poder de voto do governo será decidida pelo STF.

Intercel cobra melhorias no sistema Comercial da Celesc

Reunião teve participação de atendentes comerciais da empresa

Uma nova reunião entre sindicatos da Intercel e a Diretoria da Celesc foi realizada na semana passada para questionar o que tem sido feito pela empresa para resolver os problemas do novo sistema comercial Conecte – e, por consequência, amenizar o sofrimento de celesquianas e celesquianos de diversas áreas.

Quatro atendentes comerciais de diferentes Regionais participaram do encontro, elencando os problemas que enfrentam no seu dia a dia e trazendo sugestões de solução para cada um deles. Entre os pontos questionados, os bugs do sistema, o pedido de melhorias na comunicação interna sobre o sistema Conecte, a necessidade de criação de um canal direto com a Administração Central sobre ocorrências de violências nas lojas, a necessidade de treinamento presencial e a possibilidade de ter mais de um monitor por atendente para facilitar a visualização das informações.

A empresa afirmou ter realizado treinamento sobre gerenciamento de estresse (saúde mental) em Chapecó e estaria avaliando promover também em outras Regionais. Sobre PIX, a Celesc informou que está previsto para o futuro fazer a compensação no mesmo dia. Alegam querer primeiro arrumar os problemas no faturamento, para depois mexer nisso. Para haver a compensação instantânea, seria necessário mudar o contrato. Atualmente, o valor só baixa no dia seguinte, pois o processamento de dados é feito à noite. Sobre o prazo para corte, a empresa afirmou que ocorrerá somente após março/2025, mas ainda no primeiro semestre do próximo ano. Alegam que o Grupo A começou a ter alguns cortes, mas ainda aos poucos. Sobre atualização no layout do sistema, informaram que há pedidos para simplificar a procura de uma IN pelo PN (aqueles que têm milhares de INs no seu CPF ou CNPJ), mas também somente para o futuro.

Os representantes dos sindicatos da Intercel reiteraram a preocupação com a falta de pessoal, a demora em solucionar os problemas técnicos, a dificuldade para o caixa da empresa, além do impacto não só na saúde mental das pessoas trabalhadoras, quanto o risco regulatório e de não atingimento de metas da PLR.

A solicitação da Intercel era que participassem todos os diretores da empresa, mas estiveram presentes apenas o DGC, o DCL e o DRJ – este, por alguns minutos.

A Diretoria e seus gerentes explicaram o impacto através de números, não elucidando sobre o não atendimento a todos os itens solicitados pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), depois de denúncia de fato da Intercel. Vale lembrar que a Celesc respondeu ao pedido de TAC feito pelo MPT somente no último dia do prazo, solicitando uma nova mediação. A denúncia foi feita ao MPT em julho e as sugestões para que se contrate mais atendentes, assitentes sociais, que sejam permitidas pausas no trabalho nas lojas de atendimento, que sejam criados grupo com os sindicatos para estudar o quadro, além de reforçar a segurança nas lojas, foram apresentadas pelo Procurador do Trabalho, Dr. Sandro Sardá, ainda no mês de setembro.

Artistas contemporâneos de SC participam de mostra inédita em Florianópolis

“Mínimas Múltiplas Incomuns” apresenta mais de 40 trabalhos na Helena Fretta Galeria de Arte; entrada é gratuita

Técnicas, pesquisas e suportes diferenciados fazem parte da exposição “Mínimas Múltiplas Incomuns”, que evidencia o trabalho de 32 artistas contemporâneos que atuam em Santa Catarina. A mostra, com entrada gratuita, pode ser visitada até o dia 23 de dezembro, na Helena Fretta Galeria de Arte, em Florianópolis.

Realizada anualmente, a exposição que encerra a temporada expositiva da galeria, apresenta obras de arte em pequenas dimensões de artistas que costumam apresentar grandes trabalhos, entre telas, painéis ou mesmo esculturas.

Entre os artistas, está Lindote, que apresenta obra da série Flores de Santo Amaro, 2024. Como medidas de 50x50cm, a obra tem como referência lugares por onde o artista passou, em especial, Santo Amaro da Imperatriz, cidade conhecida pelas belas paisagens e mata atlântica preservada, além do estudo técnico e pictórico do artista, em especial o barroco holandês.

Já Lucila Horn, traz uma série de registros fotográficos em que parte da observação da anatomia de folhas e flores e busca, nos enquadramentos, representações corporais, suas relações afetivas e o amor romântico e Joyce Mussi apresenta um registro fotográfico inusitado de uma das belas praias de Florianópolis, resultando numa obra poética e aberta a interpretações.Todas as obras da exposição estão disponíveis para aquisição e podem ser um excelente presente de Natal.

Todos os artistas são representados pela galeria e atuam em SC. Os participantes desta edição da “Mínimas Múltiplas Incomuns” são: Adriana Füchter, Antônio Vargas, Beatriz Harger, Beta Monfroni, Betinha Trevisan, Boris Kossoy, Cassia Aresta, Clara Fernandes, Dirce Körbes, Giovanna Nucci, India Filipin, Ilca Barcellos, Jair Martins, Jairo Valdati, Janaina Corá, Janor Vasconcelos, Joyce Mussi, Kamilla Nunes, Leandro Serpa, Letícia Cardoso, Lindote, Luciana Knabben, Luciano Boletti, Lucila Horn, M. Salette, Marau, Meg Tomio Roussenq, Rodrigo Cunha, Rubens Oestroem, Sara Ramos, Susana Bianchini e Yara Guasque.

Homenageado

Na segunda edição da exposição “Mínimas Múltiplas Incomuns”, o artista plástico e poeta Rodrigo de Haro, que faleceu em 2021, aos 82 anos, na cidade de Florianópolis, foi o artista escolhido para ser homenageado. Além de obras que integram a mostra, os visitantes podem ver de perto outros trabalhos do artista e que fazem parte do acervo da galeria.

A visitação pode ser feita até o dia 23 de dezembro no espaço que fica na Rua Presidente Coutinho, 532, Centro de Florianópolis. O horário de visitação é de segunda a sexta, das 10h às 18h e sábados, das 10h às 13h.

SÓ VAI RESTAR A CELESC?

MOVIMENTO SINDICAL E POPULAR LUTAM CONTRA PRIVATIZAÇÃO DE EMPRESAS DE ENERGIA E SANEAMENTO PÚBLICAS

No último dia 14 de novembro o governo de Minas Gerais, na figura do governador
Romeu Zema e de seu vice Mateus Simões (ambos do Partido Novo), anunciaram o
protocolo na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) de dois projetos que
visam a privatização da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA) e da
Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG). Perguntado sobre o tempo para
aprovação do projeto, Mateus disse que, “estamos confiantes de que a discussão
está madura e que será uma tramitação de semanas ou poucos meses”. Assim como
em Santa Catarina, a privatização da CEMIG e da COPASA precisariam passar por um
referendo popular, porém, em outubro do ano passado o governador Romeu Zema enviou
a ALMG a proposta de Emenda à Constituição (PEC) 24/23, que retira essa exigência.
Entre fevereiro e maio, o movimento sindical e popular realizou um Plebiscito
Popular onde foram registrados um total de 300 mil votos em todas as regiões de Minas
Gerais. O plebiscito apontou dois importantes resultados, 95% dos 300 mil votos foram
contrários à privatização de estatais mineiras e 98% das pessoas acreditam ainda que
necessidade de referendos antes de privatizações deve seguir na constituição mineira.
“O mais fundamental foi ter dialogado com a população, já que o governador não aceita
nem mesmo a prerrogativa da Constituição mineira de que o povo deve ser ouvido.
Nós denunciamos quem é esse governador, que precariza e desvaloriza o patrimônio
público”, relata Lízian Martins, que ajudou a organizar a consulta na região do Vale do
Jequitinhonha.
Devido à urgência, os movimentos sindicais das categorias de energia e saneamento
em MG se mobilizaram e convocaram uma audiência no dia 22 de novembro para
apresentar uma proposta contra a tentativa de privatização do governo. A ideia foi
apresentada pela militante do Levante Popular da Juventude, Sabrina Moreira Santos,
e reforçada pelo autor do requerimento para a realização da reunião, deputado Leleco
Pimentel (PT). “Se precisar, vamos atrás de cada uma dessas 300 mil pessoas para
mobilizar contra a privatização”, sugeriu a militante ao se referir aos que participaram
do Plebiscito Popular em Defesa das Estatais de Minas Gerais. “Trezentos mil contra
a privatização nas ruas”, enfatizou Leleco Pimentel. Na audiência, foi citado por vários
participantes o resultado do plebiscito realizado pelos movimentos sociais, que apontou
que 95% dos 300 mil consultados são contra a privatização das empresas estaduais.
O plebiscito envolveu cerca de 500 organizações não governamentais na coleta dos
dados.
O coordenador geral do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria
Elétrica de MG (Sindieletro), Emerson Andrada, afirma que a Cemig é mais do que uma
estatal. “Ela representa milhares de empregos, investimentos em projetos sociais e,
acima de tudo, a garantia de acesso a uma energia limpa e sustentável, que impulsiona
o desenvolvimento da sociedade mineira. Essa companhia, a Cemig, é construída e
mantida com esforço e o recurso do povo mineiro”, alega ele. Andrada ainda aponta
que a privatização penalizaria os consumidores. “Nós não podemos ignorar que a
privatização tem como objetivo principal aumentar o lucro, o que frequentemente acaba
penalizando o consumidor, com tarifas elevadas, e com atendimento que deixa a maior
parte da população desassistida”.
Vale ressaltar que o governador Romeu Zema esteve com Jorginho Mello em
Florianópolis no dia 21 deste mês para a reunião do Consórcio de Integração Sul e
Sudeste. Teriam ali discutido como Jorginho poderia privatizar a Celesc?